domingo, 16 de janeiro de 2011

Renato, apelido de ‘pé mucho’

O então lavrador de Morungaba José Frederico acolheu posição consensual da família e registrou o terceiro dos quatro filhos com o nome de Carlos Renato Frederico, nascido no dia 21 de fevereiro de 1957. Aos 20 anos de idade, mesmo titular do Guarani, perfeccionistas arrumaram-lhe um apelido pejorativo para acompanhar o nome de identificação, ficando, então, Renato ‘Pé Mucho’.

O tímido e educado Renato reprovava o apelido, mas evitava contestar as pessoas que assim o identificavam, sugerindo que terceiros intercedessem. Evidente que não adiantou, principalmente em relação à parcela da imprensa de Campinas. O chute fraco ao gol adversário reforçava a origem do apelido ‘pé mucho’.

A rigor, o gramático Rafael Vieira, professor da cidade de Franca (SP), manifesta sua irritação através da internet quando as pessoas ‘comem’ o erre do substantivo feminino murcha. “A palavra mucha não existe nem aqui, nem na China”, ensina. “O vocábulo se restringe a países de língua espanhola”, emenda.

O tempo, senhor da razão, serviu para que Renato acatasse as críticas, melhorasse a finalização e os gols se associaram às virtudes de velocista e driblador. No arranque com a bola dominada se assemelhava a Kaká, deixando adversários para trás. No cabeceio, ambos mostraram deficiência. O diferencial pró Kaká é destacadamente a ótima visão de jogo e precisão no arremate.

Com indiscutíveis virtudes Renato ajudou o Guarani a conquistar o título do Campeonato Brasileiro de 1978 e seu passe passou a ser flertado pelos principais clubes brasileiros. A melhor oferta foi do São Paulo, que topou liberar recomendável bolada em dinheiro e mais três jogadores: lateral Edel, meia Éverton e atacante Sávio.

Sabiamente o Guarani repôs a posição de Renato ao buscar o meia Jorge Mendonça no Vasco, então desvalorizado por participação irregular no futebol carioca. Assim, com dinheirão em caixa, dirigentes bugrinos investiram pesado na construção da arquibancada denominada Tobogã do Estádio Brinco de Ouro. O São Paulo também lucrou com as destacadas atuações de Renato ao lado de Serginho Chulapa, e posteriormente revivendo a dupla de ataque com Careca, dos tempos de Guarani. A boa fase do morungabense resultou em convocação à Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Se a troca do São Paulo pelo Botafogo (RJ) implicou em queda de rendimento para Renato, a redenção veio no Atlético (MG) de 1986 a 1989. Com isso pôde fazer bons contratos no Yokohama Marinos e Kashiwa Reysol, do Japão. De volta ao Brasil nos anos 90, passou por Ponte Preta e Taubaté. Depois tentou ser treinador nas categorias de base, mas não prosperou.

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