segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Nem Ditão, nem Dito; apenas Tobias

Nem Ditão, nem Dito; apenas Tobias



Que pai ousa registrar o filho em cartório com o prenome Benedito, como antigamente? Convenhamos: não soa bem o apelido ‘Dito’ ou ‘Ditão’. Digamos que a identificação como Benê até passa, mas ainda assim é melhor evitá-la, como há tempo se evita registro com nomes como Adamastor, Abelardo, Almerindo, Bráulio, Clemente, Felisberto, Isaltino e Ludovico, por exemplo.

Outrora registravam recém-nascidos com o nome de Benedito em homenagem ao santo intercessor de milagres na Itália, séculos passados. Nem a expressão ‘será o Benedito’, criada em Minas Gerais em 1930, desestimulou pais da época no repasse do nome ao filho. ‘Será o Benedito’ é uma expressão de decepção ou impaciência com alguma coisa.

Cabe a introdução para esclarecer que o ex-goleiro Tobias, do Corinthians, soube escapar de apelidos. Seu nome é José Benedito Tobias, mas desde os tempos de atleta do Noroeste de Bauru (SP), até 1968, a identificação foi pelo sobrenome.

Tobias se fixou como titular do Guarani em 1969 e ficou em Campinas até 1975, quando se transferiu ao Corinthians. Goleiro de bom reflexo e pautado pela regularidade, viu seu trabalho ser recompensado quando deixou o gramado do Estádio do Maracanã como herói na classificação de seu time à final do Campeonato Brasileiro de 1976, contra o Fluminense. Se no tempo normal foi registrado empate em 1 a 1, Tobias fez a diferença na definição através de cobranças de pênaltis. Defendeu o primeiro chute do lateral Rodrigues Neto e não se esmoreceu quando a arbitragem exigiu repetição da cobrança. Pulou no canto certo e voltou a defender, o mesmo ocorrendo na vez de Carlos Alberto Torres, do Fluminense.

Aquele 5 de dezembro de 1976 foi histórico para o Corinthians. Afinal, jamais algum clube brasileiro repetirá a proeza de colocar 70 mil torcedores no estádio do adversário, na chamada invasão corintiana ao Maracanã. Na véspera do jogo um bando de malucos ‘cobriu’ bustos e estátuas com bandeiras alvinegras, no Rio. Alguns sequer se deram conta que a aglomeração nas imediações do hotel onde o time se concentrava tirava o sossego dos jogadores, exigindo que o então presidente do clube, Vicente Matheus – já falecido -, se dirigisse de pijama ao saguão para dispersá-los. Já o técnico Duque chamou um pai-de-santo para iluminar os seus jogadores, enquanto dezenas de outros torcedores místicos optaram por praias cariocas, nas altas horas, para reforçar a macumba com garrafas e velas.

Na final da competição, o Corinthians viu o Inter (RS) sagrar-se bicampeão. O desjejum de título, no entanto, ocorreu no ano seguinte, na decisão do Campeonato Paulista contra a Ponte Preta. Tobias ainda jogou no Sport Recife, Fluminense e Bangu até 1986.

Hoje, na iminência de completar 62 anos de idade, com calvície acentuada, mora em São Paulo.

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