segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Adeus a Francisco Sarno

O livro “A Dança do Diabo”, de autoria do então treinador Francisco José Sarno Matarazzo, revela desmandos no futebol dentro e fora dos gramados. Este corajoso Sarno morreu neste 17 de janeiro na capital paulista, vitimado por complicações do Mal de Alzheimer. Essa doença degenerativa é incurável e terminal. O tratamento só resulta no adiamento da evolução dela. Perda da memória é um sintoma comum entre pacientes.
Essa perversa doença o castigou bastante, já que não se lembrava de quase nada ultimamente. Nascido em Niterói (RJ), no dia 5 de novembro de 1924, esteve diretamente ligado ao futebol até a década de 70. Foi um zagueiro de estilo clássico com passagens por Botafogo (RJ), Vasco, Palmeiras, Santos e Jabaquara de Santos. Polivalente, de vez em quanto era deslocado à lateral-esquerda e à função de volante. Como treinador, passou por mais de uma dezena de clubes, entre eles Corinthians, Jabaquara, XV de Piracicaba, Coritiba, Atlético (PR), Noroeste, Guarani, Ponte Preta e futebol colombiano.
Sarno ficou marcado positivamente no Coritiba pelo bicampeonato nas temporadas 1968/69, quando o clube quebrou um jejum de títulos de oito anos. No futebol campineiro, primeiro passou pelo Guarani, em meados da década de 60, ocasião em que os atletas estranharam longas preleções pós jogo, quando o time era derrotado.
Ainda no Guarani tinha o hábito de carregar uma toalha durante os jogos, e a usava para indicar o canto que o goleiro de seu time - no caso Dimas - deveria arriscar em cobranças de pênaltis para o adversário, colocando-a na mão direita ou esquerda. E se o goleiro contrariasse sua instrução seria sacado do time.
Sarno dirigiu a Ponte Preta durante o Campeonato Paulista da segunda divisão de 1964, que se estendeu até 7 de março de 1965. Na última rodada, bastava uma vitória para a Macaca garantir acesso ao Paulistão, mas foi derrotada pela Portuguesa Santista por 1 a 0, no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas. O gol da Briosa foi marcado por Samarone aos 6 minutos do 1º tempo, o público pagante foi de 16.757, e irados pontepretanos depredaram ônibus que conduziam torcedores visitantes. Na época, contabilizava-se pontos perdidos pelas equipes. A Santista terminou a competição com sete e a Ponte nove pontos.
Sarno escalou Anibal (Fernandes); Valmir e Antoninho; Ivan, Sebastião Lapola e Jurandir; Jairzinho, Ari, Da Silva, Urubatão e Almeida. A Santista foi campeã com Cláudio; Alberto e Anderson; Norberto, Osmar, e Zé Carlos; Lio, Samarone, Valdir, Pereirinha e Babá. Juiz: Albino Zanferrari.
Quatro meses antes, a Santista ganhou dois jogos amistosos contra Ponte - em Santos e Campinas - por 2 a 1.
Quem acompanhou o trabalho de Sarno testemunha que tratava-se de um ótimo observador. Pedia aos seus atacantes que explorassem falhas de adversários como aplicação de dribles no pé “bobo” de zagueiros, jogadas de velocidade diante de marcadores lentos, e jogo aéreo contra defesas vulneráveis.

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