segunda-feira, 6 de julho de 2009

Vampeta, língua afiada

Imaginem se o ex-volante Vampeta tivesse aceitado o convite da Rede Record de Televisão para o confinamento no reality show “A Fazenda”. Com certeza aquela casa estaria de ponta cabeça. Sem dúvida, roubaria a cena como principal protagonista.

Claro que os participantes do reality show o interrogariam sobre a experiência de posar pelado para a revista G Maganize, destinada ao público gay, em 1999. O desbocado baiano, natural de Nazaré das Farinhas, teria de recapitular a origem do rótulo bambis para provocar são-paulinos; e explicar sobre a quebra de protocolo com cambalhotas na rampa do Palácio do Planalto, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso recepcionou a delegação do selecionado brasileiro após o pentacampeão mundial no Japão e Coréia do Sul em 2002; e a língua afiada causadora de frases imortalizadas no futebol.

A justificativa do apelido Vampeta ocorreu após a perda da primeira dentição. Para uns parecia um vampiro, para outros tinha jeito de capeta. Logo, associando-se prefixo de uma palavra ao sufixo de outra deu nisso. O nome Marcos André Batista Santos é lembrado só quando assina documentos, um deles o primeiro contrato profissional no Vitória da Bahia, em 1993. Na temporada seguinte, com 20 anos de idade, já era ídolo na Holanda jogando no PSV Eindhoven.

A partir daí transformou sua carreira num vaivém Brasil/Europa durante dez anos. Naquele período havia passado duas vezes pelo Corinthians, Fluminense, Paris Saint Germain (FRA), Inter de Milão (ITA), Flamengo e Al-Salmiya Club do Kuwait.

Até aí Vampeta escreveu bonita história no futebol, exceto a conturbada passagem pelo Flamengo em 2001, marcada por duas frases: “Eles fingem que me pagam, e eu finjo que jogo”, quando reclamava de salário atrasado. “A camisa do Flamengo não caiu bem em mim”, emendou.

Nos primeiros dez anos de carreira foi um volante moderno que conciliava força na marcação, velocidade na saída de bola para organizar os contra-ataques, e bom passe. Por isso integrou o grupo de jogadores brasileiros na Copa do Mundo de 2002.

A partir de 2005 começou a trilhar a penosa estrada da volta no futebol, e foi tri-rebaixado atuando por Vitória (BA), Brasiliense e Corinthians (terceira passagem). Também fez parte do elenco do Juventus que caiu para a segunda divisão paulista em 2008. Aí se mancou, pendurou as chuteiras profissionalmente, mas continua ligado ao futebol através da empresa Vamp Sport, que administra carreiras de atletas.

Quem supõe que é desmiolado, com base nas provocações gratuitas ao meia Sousas - hoje no Grêmio (RS) – se engana redondamente. Vampeta é dono de um bem montado restaurante no bairro Santana, na capital paulista, e designou seu pai para administrar sua fazenda em Nazaré das Farinhas, que produz abacaxi, manga, jaca e maracujá.

Ficou chato quando agrediu o goleiro Marcelo do Bahia, no começo deste ano, em Salvador (BA), só porque suspeitava que o ex-companheiro de Corinthians havia mantido relacionamento com sua ex-mulher.

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