segunda-feira, 20 de julho de 2009

Fogos, relação com futebol

Aquela tonelada de fogos de artifícios encalhada com a derrota do Cruzeiro para o Estudiantes na final da Libertadores, dia 15 de julho, foi usada no jogo subseqüente contra o Corinthians, no Estádio Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro, no show pirotécnico ainda permitido em estádios.
Estampidos provocados por rojões são um aviso, entre outras coisas, que algum time de futebol marcou gol, que o telespectador está vibrando com a vantagem de seu clube. Por questão de segurança, desde meados da década de 70, proibiram o acesso de torcedores com fogos nos estádios. Eles se transformaram em armas nos confrontos de torcidas rivais.
A rigor, na década de 40, quando as torcidas tinham comportamento civilizado, no lugar de alambrados via-se cercas de madeira de 1m de altura. Nos anos 50, nem era preciso revistar torcedores nos portões de entrada dos estádios. Nos anos 80, foi necessário um pacote de medidas para garantir segurança durante os jogos. Impediram acesso de bandeira com mastro inferior a 4m de altura, instrumento de percussão, guarda-chuva de ponta e até radinho de pilha, uma das medidas posteriormente revogada.
Quando o torcedor fazia festa nos campos soltando rojões, pessoas nas imediações acompanhavam a contagem dos gols pelo barulho dos fogos. Se ensurdecedor, a comemoração era do time da casa. Se discreto, a alegria era do clube visitante.
Que foguetório! Aquela fumaceira deixava tudo embaçado. Pena que alguns gaiatos mal sabiam manusear rojões e sofriam queimaduras. Estouros para baixo assustavam torcedores ao redor e abria-se um “clarão” na arquibancada. Algumas vítimas sofriam mutilações nos dedos, danos nos olhos e até surdez.
Bons tempos em que os jogadores só subiam aos gramados minutos antes das partidas, plenamente aquecidos nos vestiários. Depois, preparadores físicos importaram da Europa a metodologia de aquecê-los nos gramados, antes de se uniformizarem, e ficou sem graça a saudação posterior aos torcedores.
Naquela época, editores de jornais não priorizavam imagens em movimento. Publicavam foto posada do time da casa, restrita aos 11 jogadores e o massagista, posicionado sempre à esquerda, entre os agachados. E agachava-se literalmente, com a parte posterior da coxa encostada na panturrilha. Hoje, nem se pode dizer que a turma da frente fica agachada, já que sequer dobra o joelho.
Se nos estádios a rigorosa fiscalização sobre fogos inibe torcedores a burlarem a proibição, fora deles os abusos continuam. A maioria lembra do confronto entre vascaínos e corintianos em 2007, na capital paulista, resultando na morte de Clayton Ferreira de Souza, de 27 anos. E sabem quais as armas dos briguentos? Barra de ferro, faca e rojão.
Tal como aqui, na Alemanha torcedores usam rojões como arma, com Eintracht Frankfurt e Nuremberg multados em 50 e 25 euros, respectivamente. Pior na Áustria, porque o goleiro Georg Koch, do Rapud, perdeu parte da audição após ser atingido no ouvido por fogos de artifício. Por isso teve que abandonar a carreira.

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