segunda-feira, 18 de maio de 2009

Paulo, zagueiro do grande Santos

Élcio Paiola (interino)


Dias atrás, numa roda de desportistas que recordavam bons zagueiros do passado, de repente alguém citou Paulo Davoli, que fez sucesso no Santos no final da década e 60 e início dos anos 70. Até aí ninguém discordou.
O que aqueles saudosistas não sabiam é que Paulo Davoli morreu há pouco mais de dois anos, precisamente no dia 13 de abril de 2007. Na ocasião o titular da coluna, Ariovaldo Izac, escreveu que Paulo Davoli era conhecido no início de carreira apenas pelo prenome, a exemplo do goleiro Luiz do São Caetano.
Milhares de Luízes estão “esparramados” por este Brasil afora, e o uso só do prenome pode trazer dificuldade para distinguir aquele que se deseja indicar. Talvez por jogar no gol, futuramente os desportistas terão mais facilidade para distinguir o Luiz do Azulão.
Nos casos de jogadores com prenomes conhecidíssimos, adota-se nome composto para facilitar a identificação: Luís Alberto, Luiz Henrique, Sílvio Luiz, Paulo Henrique, Paulo Roberto, etc..
No passado, os veículos de comunicação identificavam o zagueiro apenas como Paulo. Acresceram o sobrenome Davoli só depois que ele pendurou as chuteiras no São José, quando se transformou num próspero empresário no Vale do Paraíba.
A rigor, nascido em Mogi Mirim (SP), Paulo, que havia completado 58 anos de idade em janeiro de 2007, foi castigado por tumor maligno no intestino.
Nos anos 60, formado nas categorias de base do Guarani, Paulo foi lançado no time principal aos 19 anos pelo então técnico Dorival Geraldo dos Santos, no lugar de Cidinho (Alcides Romano Júnior), na época zagueiro e hoje treinador de futebol. No Bugre, Paulo jogou com os ponteiros Joãozinho, Carlinhos e Vagninho, o meia Capolosa, e o atacante Vanderlei. Exceto Joãozinho, os demais já morreram.
Paulo se firmou como titular do Guarani pelo estilo clássico, capacidade de antecipação, bom posicionamento e ótimo no desarme. No alto era quase imbatível, e sabia passar a bola corretamente. Claro que o Santos logo observou essas virtudes e tratou de levá-lo à Vila Belmiro. E lá, após um período na reserva, se firmou como titular em meados da década de 70, num time que tinha Cejas; Orlando Lelé, Paulo, Oberdã e Zé Carlos; Clodoaldo e Afonsinho; Edu Jonas, Alcindo, Pelé e Ferreira.
Desse time, o lateral Orlando Lelé morreu há nove anos, vítima de embolia pulmonar. A rigor, pode-se dizer que também foi duramente castigado nos últimos meses de vida. Imaginem alguém agitado como Orlando perder os movimentos do corpo do pescoço para baixo? Ele ficou tetraplégico após uma queda doméstica. Estava no banho quando sentiu tontura e, ao cair, bateu a cabeça no chão.
Orlando ainda jogou no Coritiba, mas atingiu o auge da carreira no Vasco, onde fazia precisos cruzamentos para o centroavante Roberto Dinamite. E quando perdeu a velocidade para fazer o incansável vaivém, ainda foi útil na zaga central.
Observe que o meia-de-armação daquele time santista de 1972 foi o irreverente Afonsinho, jogador da barba comprida, confundido como subversivo e discriminado. Acreditem: em 1971, quando jogava no Botafogo (RJ), foi impedido de treinar e deu o troco na medida. Recorreu ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos) contra a proibição do exercício profissional e entrou para a história como o primeiro jogador do País a conseguir passe livre.
Radicado no Rio de Janeiro, Afonsinho é um médico especialista em psiquiatria e atende pacientes portadores de desequilíbrio mental do Hospital Pinel, em Botafogo.

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