quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Lições do tropeço

Na goleada da Seleção Brasileira de futebol sobre a Venezuela, no domingo 12 de outubro, pelas Eliminatórias à Copa do Mundo de 2010, foi reconhecido, neste espaço, os méritos do técnico Dunga ao estimular seus jogadores para finalizarem de qualquer distância. Assim foi feito, os gols saíram, e um jogo supostamente difícil ficou fácil, pelas circunstâncias.
Com o mesmo princípio de racionalidade de se atribuir méritos naquela vitória, tem-se que enfatizar, aqui, parcela significativa de culpa ao treinador no tropeço do time brasileiro diante da Colômbia, no empate sem gols de quarta-feira (15 de outubro), no Rio de Janeiro. A outra parte da culpa é dos jogadores.
Vamos elencar, inicialmente, um erro de planejamento na convocação de atacantes para os últimos dois jogos. Ao requisitar o “pendurado” Adriano, com risco iminente de suspensão por cartão amarelo, devia ter chamado também um outro atacante cabeceador. Sem Adriano, a projeção lógica seria a necessidade do tal cabeceador contra a Colômbia, convencionando-se que o Brasil abusaria de bola alçada à área adversária.
Dunga também já devia ter buscado novas opções para as laterais. Maico é um lateral “tanque” desprovido de técnica para criar jogadas pelo lado direito do ataque. Depende de tempo para treinamento e organização de jogadas pelo setor. Como isso é impossível nesses jogos “picados” de eliminatórias à Copa do Mundo, o melhor seria buscar outras alternativas, uma delas o bom lateral Léo Moura, do Flamengo, que sabe fechar em diagonal e completa as jogadas.
Contra a Colômbia, a omissão do lateral-esquerdo Cléber foi irritante. Ele tem um bom passe, bom domínio de bola, mas não quis se expor. Raramente chegou a intermediária adversária. Mais parecia um terceiro volante marcando pelo lado esquerdo. E, com a bola, preferiu, na maioria das vezes, ligação direta ao ataque, com lançamentos equivocados. Portanto, muito mal os dois laterais.
Imperdoável Dunga manter ao longo da partida de quarta-feira dois volantes marcadores, que sequer corresponderam neste quesito, casos de Gilberto Silva e Josué. Ambos foram envolvidos incontáveis vezes e, com isso, meias e atacantes colombianos ficaram de “mano” com os zagueiros Lúcio e Juan. Ainda bem os zagueiros do Brasil corresponderam e evitaram o pior.
Na complementação do quarteto de meio-de-campo, apenas Kaká exigiu dura marcação dos adversários. Elano tocava a bola sem objetividade, mas nem por isso devia ser substituído. O ideal seria recuá-lo para o lugar de Gilberto Silva ou Josué, para a lógica entrada de Mancini, que também não correspondeu.
Mesmo com todos esses desajustes, esperava-se um lampejo de Kaká e Robinho para definição da partida. Infelizmente ambos sucumbiram. Robinho foi uma presa fácil aos marcadores, fixado indevidamente apenas na faixa esquerda do campo. Kaká tentou, pelo menos, escapar da rígida vigilância.
Com tudo isso, o que esperar do apenas razoável Jô isolado no ataque?
A Colômbia? Sim, montou duas linhas de quatro na defesa, com o diferencial de que ao retomar a posse de bola usava e abusava do toque miúdo. Assim, a levava até as proximidades da defesa brasileira. Ainda bem que não tinha atacantes de conclusão.
Lição? Não pode haver erro em convocações e passou do tempo do Brasil contar no time com um exímio cobrador de faltas. De repente, num lance de bola parada, um jogo trincado, difícil, muda de rumo.

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