terça-feira, 7 de outubro de 2008

Careca, o craque

Por Ariovaldo Izac

Em uma de suas centenas de entrevistas, o ex-atacante Careca sugeriu que os clubes de futebol contratassem preparadores de artilheiros, como se tem para goleiros. De certo Careca também fica indignado ao observar atacantes perderem gols feitos, contrastando com o seu tempo de jogador. Ele matava a bola no peito com elegância, já ajeitando-a para disparar antes da queda ao chão. Foi assim que fez dezenas de gols.
A sugestão para que um profissional ensine os atalhos do gol adversário não é nova. O Flamengo chegou a adotá-la e o “professor” foi o “matador” Nunes.
A mídia gaúcha compara o estilo de Alexandre Pato ao de Careca: conjunto de habilidade, velocidade e frieza nas finalizações. E Careca não discordou quando entrevistado pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, no início deste ano. O diferencial é que décadas passadas, quando Careca surgiu no futebol, clubes europeus só importavam jogadores consagrados no País, com passagens pela Seleção Brasileira. Hoje, bastam algumas atuações destacadas para que o atleta ganhe um contrato milionário no exterior.
E ponha milionário nisso, comparou o próprio Careca, ao mesmo veículo de comunicação. “O jogador médio ganha em um mês o que o craque não recebia em um ano”.
Por que Careca? Porque era fã do palhaço carequinha quando recolhia bolinhas de tênis arremessadas fora das quadras, em clubes de Araraquara, sua cidade natal. Mas enveredou para o futebol, e aos 17 anos foi campeão brasileiro pelo Guarani de Campinas (SP), em 1978, na decisão contra o Palmeiras.
Ainda no Guarani, em 1981, ganhou a primeira oportunidade de servir a Seleção Brasileira. E, às véspera da Copa do Mundo de 1982, na Espanha, foi cortado após sofrer lesão muscular.
Nova chance de disputar uma Copa do Mundo surgiu em 1986, quando já estava no São Paulo. O Brasil foi eliminado pela França e restou ao araraquarense brilhar no tricolor paulista, onde chegou em janeiro de 1983, com a responsabilidade de substituir Serginho Chulapa. Assim, foi bicampeão paulista - 1985/86 - e campeão brasileiro em 1986, curiosamente contra o Guarani, em Campinas.
O São Paulo perdia por 3 a 2, na prorrogação, quando Careca acertou um chute indefensável aos 120 minutos de partida, transferindo a definição através de cobranças de pênaltis. Careca desperdiçou a sua cobrança, mas o Bugre errou mais. Assim, o São Paulo festejou o título. Naquela competição, ele marcou 25 gols.
Naquela época, o São Paulo tinha um timaço. Lá estavam Pita, Careca, Muller e Sidnei “Trancinha”. O técnico Cilinho montou a base e Pepe deu seqüência.
Careca fez sucesso no Nápoli, ao lado de Maradona. Ambos transformaram uma equipe modesta em respeitadíssima no futebol italiano, com dois títulos no campeonato nacional e uma Copa da Itália, no período de 1987 a 1993. Também jogou no Kashiwa Reysol, do Japão, até 1996. Depois, de volta ao futebol brasileiro, atuou no Santos e encerrou a carreira no São José, em 1999.
Por essas e outras teve motivos de sobra para comemorar o 48º aniversário no dia 5 de outubro. Não bastasse a bonita carreira como jogador, teve a ousadia de criar, em 1998, o terceiro clube profissional de Campinas, integrante da Série B-1 do Campeonato Paulista (quarta divisão), caprichosamente chamado de Campinas Futebol Clube.

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