domingo, 26 de outubro de 2025

Richarlyson, mais uma exemplo de irmãos no futebol

 São incontáveis os exemplos de irmãos jogadores de futebol. Os paraguaios Ángel e Óscar Romero, no Corinthians e Inter (RS) respectivamente, representam um dos casos e ainda estão na ativa. O ex-meia Edu Antunes, que fez sucesso no América (RJ), irmão mais velho do astro Zico, fez parceria com ele no Flamengo em 1976, nem sempre como titular.

De todos os casos, nada se compara ao saudoso Sócrates e seu irmão Raí, pois ambos integraram a Seleção Brasileira.

O lateral-direito Zé Maria, quando vinculado ao Corinthians, teve a ingrata missão de marcar o seu irmão Tuta, um rápido ponteiro-esquerdo da Ponte Preta.

São raros aqueles que tiveram conhecimento do irmão do saudoso 'rei' Pelé, apelidado de Zoca, pois ambos atuaram juntos no Santos no biênio 1961/62, mas naturalmente ele como reserva daquele timaço, entrando de vez em quando na ponta-direita, no lugar de Dorval. E por ter a exata leitura de sua não prosperidade no futebol, Zoca acertou ao mudar para o ramo de administração dos negócios empresariais de Pelé, e ambos já falecidos.

Um exemplo que transcende irmãos coloca o pai no bojo, caso da família Felisbino, pois antes de Richarlyson e Alecsandro entrarem em cena o pai deles, Lela, já brilhava no futebol, com projeção no Noroeste de Bauru ao título do Brasileirão em 1985 pelo Coritiba.

Richarlyson ganhou notoriedade como volante de invejável condicionamento físico e capacidade para o desarme, na maioria das vezes antecipando ao adversário.

Como era canhoto de muita verticalidade, não estranhou adaptações em outras posições. Deu conta do recado quando escalado como lateral-esquerdo. Até quando improvisado como zagueiro, quando a composição programada era de um trio na última linha defensiva, correspondia.

A ascensão na carreira de Richarlyson foi identificada no Santo André até chegada ao São Paulo em 2005, como partícipe do título da Libertadores, com repetição deste expediente no Atlético Mineiro em 2013, porém na condição de reserva, no ano em que atuou juntamente com o irmão Alecsandro.

Curiosamente, na temporada seguinte, revoltado com arbitragem, anunciou despedida do futebol, em decisão impensada, porque logo em seguida recuou e continuou a trajetória até 2021 no Noroeste, sendo que quatro anos antes esteve vinculado ao Guarani, por curto período, já sem aquela singularidade, e hoje atua como comentarista do Grupo Globo de Comunicação.


sábado, 18 de outubro de 2025

César, goleiro de 1,75m de altura, jogou no Corinthians

Como há mais de 20 anos faço produção recontando histórias de atletas do passado, havia disposto mostrar que goleiros de média estatura perderam definitivamente espaço no futebol, ocasião que surgiu como exemplo o alagoano César, pela passagem no Corinthians entre 1981 e 1982, totalizando 58 jogos.

Observação: cabe distingui-lo do goleiro Júlio César que passou pelo elenco corintiano de 2005 a 2014 e, quando do desligamento, entrou com processo contra o clube na Justiça Trabalhista, alegando cobrança de férias, 13º salário, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e outros atrasos.

O Carlos César de Oliveira citado, de meados da década de 80, tinha 1,75m de altura e atuou ao lado de jogadores consagrados como o saudoso Sócrates, Zenon, Biro-Biro, Casagrande e Wladimir, participando da campanha da Taça de Prata de 1982, que levou o clube de volta à disputa da primeira divisão do nacional no mesmo ano, sendo titular até a eliminação contra o Grêmio (RS).

Na busca de detalhes adicionais, além da elasticidade para saltos e natural deficiência na bola aérea adversária, confesso falha pela desinformação, pois apenas agora constatei que ele morreu no dia 20 de junho do ano passado, em Maceió (AL).

Ele estava com 69 anos de idade, e a morte ocorreu em decorrência de infecção generalizada. Dez dias antes, havia sofrido uma parada cardíaca e estava internado desde então no Hospital Geral do Estado de Alagoas, em Maceió. Ao se desligar do Corinthians, ainda registrou passagens pelo Asa de Arapiraca (AL), Juventus (SP), Flamengo do Piauí e CRB, clube que coincidentemente iniciou e terminou a carreira em 1987, com histórico de tetra campeão alagoano de 1976 a 79.

Ao sair de cena do futebol, só voltou a ser lembrado anos atrás, flagrado como comerciante, ao 'tocar' um bar na beira do rio Pium, em Natal (RN). Posteriormente regressou a Alagoas como vendedor de lanches em barraca na Praia do Francês, em Maceió, embora tivesse fixado residência na cidade de Marechal Deodoro (AL), onde no final de maio de 2017 sua casa foi inundada com a forte enchente na cidade, provocando prejuízo.

Na ocasião, ele confessou que trabalhava juntamente com a sua mulher e ganhava R$ 2 mil por mês, justificando que dava para quebrar o galho. Lamentou apenas a necessidade de vender o seu carro, justificando a necessidade de fazer cirurgia no dente.

domingo, 12 de outubro de 2025

Ex-atacante Rogério, de boleiro a pastor

Rogério, Gerson, Jairzinho, Roberto Miranda e Paulo Cesar Caju formaram uma das mais respeitáveis linhas de frente do Botafogo (RJ) no biênio 1967/68, culminando com a conquista do bicampeonato estadual. Desse quinteto, só Rogério não integrou o grupo do tricampeonato mundial pela Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 1970, no México. Dias antes, uma lesão muscular implicou no corte, e o então goleiro Emerson Leão ocupou a vaga.

De volta ao Botafogo, a torcida regozijou-se com o seu futebol hábil e veloz. O arranque era impressionante. Com passadas largas chegava facilmente ao fundo do campo, ou fechava em diagonal rumo ao gol adversário. O estilo era semelhante ao de Renato Gaúcho, que fez sucesso no Grêmio e principais clubes cariocas.

O apelido de Rogério Ventilador foi decorrente dos movimentos com o braço quando driblava. Propositalmente ou não, muitas vezes mantinha seus marcadores distantes. Naquela década de 60 torcedores, flamenguistas eram chamados de urubus pelos rivais. Motivo: a maioria era afrodescendente e pobre. Assim, um grupo de rubro-negros levou a ave escondida para o Estádio do Maracanã e, ao soltá-la, ela debandou para o setor dos torcedores botafoguenses, naquele confronto em 1969. Pronto. A partir daí o Flamengo adotou o símbolo do urubu.

O destino reservou passagem de Rogério também pelo Flamengo, clube escolhido para o encerramento da carreira em 12 de dezembro de 1973, na vitória sobre o Olaria por 2 a 1. E diferentemente dos companheiros que preferem prosseguir no futebol em outras funções, ele cursou Direito e foi advogar.

Depois enfrentou o duro golpe da perda do filho com cinco dias de vida, e só se reencontrou após ingresso na Igreja Messiânica, cuja doutrina é vida mais espiritualista. E de simples membro atingiu o posto de pastor, identificado como reverendo Rogério Hetmanek, que ensinava o conceito de Meishu-Same, que “quando alguém morre e tem muito apego a este mundo, se reencarna mais cedo, porque o mundo espiritual é mais rigoroso, e quanto mais tempo o espírito lá permanecer, mais será purificado”.

Se Rogério repetia nos microfones a obrigatória introdução 'ouvintes meus cumprimentos', agora, aos 77 anos de idade, tem um currículo de quem publicou o livro ‘O Patriarca’. Assim, seu vocabulário faz inveja aos mais cultos dos boleiros.


domingo, 5 de outubro de 2025

Adeus ao então meia Edu Manga

Num mundo com prevalecimento da demagogia, tem gente que supostamente nunca ouviu falar no então meia Edu Manga e agora aparece registra 'com profundo pesar a morte dele', ocorrida neste três de outubro, aos 58 anos de idade. Por sinal, clubes de futebol geralmente adotam essa postura em redes sociais de 'profundo pesar', quando dessas citações de falecimento.

Ora, quem havia lembrado que Edu Manga estava internado em Barueri (SP) - cidade em que nasceu -, para tratamento de problemas renais? Revelado nas categorias de base do Palmeiras, e inicialmente identificado como Edu - como convém à abreviação de quem chama Eduardo -, coube ao ex-lateral-esquerdo Denys - igualmente formado no clube - acrescentar 'Manga' com a questionável justificativa de cabelos encaracolados.

Assim, Eduardo Antônio dos Santos ascendeu a equipe principal em 1985 e se caracterizou como típico ponta-de-lança com facilidade para se desvencilhar de marcadores e acelerar jogadas, quando se aproximava da área adversária, quer para assistências, quer para as conclusões. Pela boa visão de jogo, também desempenhava o papel do meia organizador, quando recuava para participar da construção.

Essas virtudes recomendaram que fosse convocado à Seleção Brasileira, inicialmente através do saudoso treinador Carlos Alberto Silva e depois Sebastião Lazaroni, com participação em nove jogos oficiais. No Palmeiras, Edu Manga se desligou em 1989, com histórico de 188 jogos e 44 gols.

Na sequência, parte da década seguinte foi marcada em agremiações do exterior como Santa Fé da Colômbia, Club América do México, Emelec do Equador, Real Valladolid e CD Logroñes da Espanha, Universidad Católica do Chile e Shimizu S-Pulse do Japão.

Ainda no futebol brasileiro, ele teve passagem por apenas 17 partidas pelo Corinthians, em 1992. Também jogou no Guarani em 1996, já sem a repetição do futebol demonstrado na década anterior.

E atuações com oscilações também foram registradas nos demais clubes que esteve vinculado, casos de Athletico-PR, Sport, Remo e Náutico, para, nos últimos anos de carreira enfrentar aquilo que se convencionava chamar de 'estrada da volta do futebol', em clubes como Rio Branco de Americana (SP) e Figueirense em 2002, onde ficou marcada a despedida enquanto atleta, para posteriormente cair nos ostracismo e rarissimamente ser citado pela mídia.