sexta-feira, 26 de julho de 2024

Osvaldo, ex-Ponte Preta, ainda joga com a 'velharada'

Futebol é coisa prazerosa para atleta profissional na ativa. No encerramento da carreira, a maioria aproveita o tempo junto à família, embora alguns migrem às funções de treinador ou membros de comissões técnica. Também têm aqueles que participam de 'peladas' com amigos, de vez em quando.

O barbarense Osvaldo Luiz Vital, centroavante com afinidade para enfrentar goleiros nos tempos de Ponte Preta, Grêmio (RS), Santos e Coritiba, décadas passadas, vai bem além de meras 'peladas'. Como 'fominha por bola confesso', todo final de semana ainda pode ser visto em gramados de Santa Bárbara d'Oeste e região, vinculado em clube amador, através de liga que organiza campeonatos na faixa etária dos 'sessentões', visto que atingiu 65 anos de idade em janeiro passado.

Se a Ponte Preta foi o clube que o projetou para o cenário nacional, em meados da década de 80 do século passado, o auge da carreira foi atingido no Grêmio, a partir de 1982. Curioso é que um ano antes, na segunda partida válida pela fase semifinal do Brasileirão, no Estádio Olímpico, marcou o gol da vitória dos pontepretanos por 1 a 0, fato que despertou ainda mais interesse do clube gaúcho para contratá-lo.

Apesar da derrota, o Grêmio ainda foi finalista da competição, e o jogo marcou recorde de púbico no Estádio Olímpico, com 85.721 pagantes. Computando-se os não pagantes, o registro subiu para 98.499 pessoas, quando a Ponte Preta contou com essa formação: Carlos; Edson Abobrão, Juninho, Nenê Santana e Odirlei; Zé Mário, Humberto e Celso; Osvaldo, Lola e Serginho. Na ocasião, ela ficou sem o meia Dicá e o treinador Jair Picerni, que foi substituído pelo preparador físico Lino Fachini.

No Grêmio, Osvaldo mostrou o acerto da contratação, como típico atacante oportunista que enfrenta goleiros com incrível facilidade, diferentemente da 'boleirada' de hoje que se apavora na 'hora agá' da conclusão. Ele tinha convicção que a bola, ao ser chutada, muito provavelmente ofereceria situação de perigo contra a meta adversária. Isso explica ter sido artilheiro da Libertadores de 1983 com seis gols, em 12 jogos.

Quatro anos depois passou pelo Santos, ainda vestiu a camisa do Coritiba e reservou o encerramento da carreira na Ponte Preta, em 1992, onde tudo começou no final dos anos 70, após a comissão técnica do infantil do Guarani não tê-lo aproveitado.

domingo, 21 de julho de 2024

Dodô, o artilheiro dos gols bonitos

No futebol, nunca se finalizou tanto de fora da área como atualmente. Logo, boleiro 'penar' a bola na direção de torcedores em cabeceiras de estádios passou a ser rotina que sequer exclui aqueles que integram clubes de elite, tal a falta de pontaria. E isso contrasta a décadas passadas, quando o atleta apenas decidia pelo arremate quando tinha convicção que a bola tomaria o rumo indicado.

Nos anos 60 do século passado, do quase imbatível Santos, dá pra contar nos dedos quantas vezes o saudoso centroavante Coutinho concluiu à meta adversária com a bola sobre o travessão. O chute, calculado, não tinha a potência da boleirada de hoje, porém era rasteiro e mirado nos cantos.

Nos anos 90 do século passado e primeira década após a virada, passou por grandes clubes brasileiros o paulistano Ricardo Lucas Figueiredo Montes Raso, o Dodô, batizado como 'artilheiro dos gols bonitos' pela frieza para enfrentar goleiros, fazê-los de bicicleta, voleio, de falta e arremates preciso de fora da área.

Foram 406 gols na carreira iniciada no Nacional, da capital paulista, em 1992. No São Paulo atingiu o auge, ao marcar 50 gols apenas em 1997, registro só alcançado 20 anos antes pelo então centroavante Serginho Chulapa. Aquela boa fase no clube resultou no título paulista de 1998 e convocação à Seleção Brasileira, com registro de dois gols em cinco partidas.

Antes do Tricolor paulista, passou por Paraná Clube, Santos, Fluminense, Botafogo (RJ), Palmeiras e girou no exterior pelo Ulsan Hyundai da Coreia do Sul, Oita Trinita do Japão e Al-Ain dos Emirados Árabes. Na volta ao Brasil, atuou no Goiás, outra vez Botafogo, quando, em 2007, foi flagrado em exame antidoping por apresentar, na urina, a substância femproporex, que constava cápsula de cafeína manipulada por uma farmácia indicada pelo departamento nutricional do clube.

Após suspensão de 120 dias, ingressou com recurso e acabou absolvido. Assim, seguiu trajetória no Vasco, até que em 2010, ao chegar na Portuguesa, desrespeitou o treinador Jorginho e foi desligado do clube. Aí, começou abrupta mudança na carreira, com vínculos em clubes de menor expressão como Guaratinguetá, Grêmio Osasco, Americana e Barra da Tijuca (RJ), onde se aposentou em 2013.

Atualmente ocupa a função de analista de futebol do Grupo Globo, após não prosperar na tentativa anterior como treinador. Também torce pelo sucesso de seu filho Pedro Lucas, centroavante vinculado ao Joinville (SC).


segunda-feira, 15 de julho de 2024

 

Adeus ao ex-goleiro Tobias



É gratificante homenagear ídolos do futebol em vida e lúcidos. Por duas vezes, nesse espaço, foram reservadas publicações do então goleiro Tobias, ídolo do Corinthians na década de 70, que morreu neste 13 de julho, aos 75 anos de idade, vítima de complicações respiratórias e cremado no dia posterior em Agudos (SP), a cidade natal dele. Na primeira publicação, foram mencionadas mudanças de hábitos de pais que já não ousam registrar filhos em cartórios com o prenome Benedito, como antigamente.

Faz sentido, pois os inevitáveis apelidos de Dito ou Ditão não soam bem. O nome Benedito homenageava o santo intercessor de milagres na Itália, séculos passados, e nem a expressão ‘será o Benedito’, criada em Minas Gerais em 1930, havia desestimulado casais da época no repasse do nome ao filho. ‘Será o Benedito’ era expressão que significava intolerância ou impaciência com alguma coisa.

No caso de Tobias prevaleceu o sobrenome do registro em cartório como José Benedito Tobias, goleiro com carreira iniciada no Noroeste de Bauru (SP) em 1968, para posterior transferência ao Guarani. Na última publicação de 2018, foi feita referência a anúncios comerciais da marca Bozzano, veiculadas em rádios, quando se ouvia o vozeirão do saudoso radialista Oliveira Neto com essa mensagem: ‘Lembram-se de minha voz? Ela continua a mesma. Mas os meus cabelos! É que para eles tem o creme rinse colorama. Um produto: Bozzano’.

Pois o goleiro Tobias, de cabelos compridos e encaracolados, viu eles rarearam a partir do encerramento da carreira em 1986, no Bangu, até que a calvície ficasse bem acentuada. O ápice da carreira foi no Corinthians, de 1975 a 1980, respaldado pela característica de goleiro de elasticidade, com destaque para 1976, na fase semifinal do Campeonato Brasileiro contra o Fluminense, na invasão de torcedores corintianos ao Estádio do Maracanã, quando praticou duas defesas na definição através dos pênaltis, após empate por 1 a 1 no tempo normal. Todavia, na finalíssima, deu Inter (RS).

O desjejum de título ocorreu no ano seguinte, na decisão do Campeonato Paulista contra a Ponte Preta, em 13 de outubro. À época, Tobias já não era absoluto da meta, na final do Campeonato Paulista, pois o treinador Oswaldo Brandão havia programado revezamento com o goleiro Jairo, mas por sorte ele foi titular nas vitórias da primeira e terceira partida.


domingo, 7 de julho de 2024

Dos ex-atletas famosos, Michel Bastos anda esquecido

Que tal um teste para a sua memória futebolística? Pressupõe-se que atletas com passagens pela Seleção Brasileira em Copa do Mundo, nas últimas três décadas, sejam inesquecível, correto? Nem tanto. Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho são sempre lembrados, mas e o lateral-esquerdo Michel Bastos, titular da lateral-esquerda de 2010, na África do Sul, comandada pelo treinador Dunga?

O reserva dele, Gilberto, ex-São Paulo, de certo muitos também não se lembram, em competição com eliminação nas quartas de final. Na vitória sobre a Coréia do Norte por 2 a 1, a formação foi essa: Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo (Ramires), Elano (Daniel Alves) e Kaká (Nilmar); Robinho e Luís Fabiano. Depois, Bastos não foi mais chamado no selecionado, totalizando dez partidas e um gol.

É intrigante essa história de atleta com passagens em grandes clubes brasileiros e até do exterior cair no esquecimento. Pois saibam que após se despedir do futebol profissional em 2019, Michel Bastos não conseguiu se desligar dos gramados. Em janeiro passado, aos 40 anos de idade, estava inscrito como reforço do Taboão da Serra (SP), para disputar o Campeonato Amador.

Revelado pelo Pelotas (RS), cidade que nasceu em 1983, Michel Fernandes Bastos disputou o Brasileiro da Série C de 2001 para, na temporada seguinte, vestir a camisa do Grêmio, onde ganhou visibilidade e trajetória internacional naquela década, em países como Alemanha, Holanda, Itália e França, onde atuava como meia e se caracterizava por chutes potentes, mas Dunga o convocou em 2009 para assumir a titularidade da lateral-esquerda, pois cumpria a exigência de quem atua na posição, de estilo técnico, capacidade de dribles para conduzir a bola limpa de trás, e ajudar na organização ofensiva, sem que isso provocasse descomprometimento no plano defensivo.

Na segunda década do século, teve saída conturbada na passagem pelo São Paulo em 2016, quando chegou a ser agredido por torcedores, tido por alguns como atleta descompromissado ou que fazia mal ao ambiente. Ele jogou ainda no Figueirense (SC), Athletico Paranaense, Palmeiras, Sport Recife, até que em 2019, após apenas três meses de contrato com o América Mineiro, e um jogo disputado, optou pela rescisão de contrato e encerramento da carreira.