domingo, 2 de abril de 2023

Adílio, de astro consagrado ao anonimato

Num mundo em que ex-jogadores de futebol de condições apenas razoáveis alcançam prosperidade em funções relativas ao meio, como treinadores, coordenadores, empresários do ramo e analistas em veículos de comunicação, o então meia Adílio de Oliveira Gonçalves - um dos maiores ídolos de todos os tempos do Flamengo - não se inclui neste rol. Pelo contrário: caiu no anonimato, e sequer teve respaldo quando tentou ingressar na carreira política, ao cobiçar a cadeira de deputado estadual do Estado do Rio de Janeiro, em 2010.

A infância dele foi mais uma daquelas em que meninos órfãos de pai saem à luta para ajuda no sustento da família, com trabalho em feira livre. Como o talento dele aflorou no bate-bola em praias, foi levado às categorias de base do Flamengo. As primeiras oportunidades na equipe principal surgiram logo após o precoce falecimento do meia Geraldo, mas não havia como se fixar como titular com a chegada de Paulo César Carpeggiani, vindo do Inter (RS), fato que o contrariava, embora treinadores como os saudosos Cláudio Coutinho e Telê Santana queixavam-se que faltava-lhe aprimorar finalização e aptidão para o cabeceio, com 1,72m de altura.

A chance definitiva não tardou e foi gratificado ao participar do melhor Flamengo de todos os tempos, quando fez dupla de meio de campo com o volante Andrade e ponta-de-lança Zico, com títulos da Libertadores e Mundial de Clubes em 1981, na goleada por 3 a 0 sobre o Liverpool, assim como conquistas do Campeonato Brasileiro nas temporadas de 1980, 1982 e 1983. Ele entrou para a história do clube com histórico de 128 gols, 615 partidas e terceiro jogador com maior número de jogos disputados.

Foi o período em que mostrou habilidade para colocar o seu parceiro Zico na cara do gol. Assim, a carreira no Flamengo se arrastou até 1987, quando havia completado 30 anos de idade e ficou com passe livre. Depois foi jogar no Coritiba e repasse em clubes intermediários, até o encerramento no Barra Mansa do Rio de Janeiro, em 1997, ocasião em que lamentou apenas duas atuações pela Seleção Brasileira.

Antes de ingressar na discreta carreira de treinador, foi transformado em atleta de futsal, como ala-pivô. No comando de clubes passou pelo Bahain da Arábia Saudita, Centro de Futebol Zico e divisão de base do Flamengo. No próximo 15 de maio, Adílio vai completar 67 anos de idade.

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