Fosse vivo, Mané Garrincha completaria 89 anos de idade neste dia 28 de outubro. Como ídolos caem no esquecimento, doze anos depois reescrevo um pouco da história dele, seguramente um dos dez melhores jogadores do planeta de todos os tempos, embora alguns exageram com citação de que teria superado Pelé.
Por
ironia do destino, Mané chegou ao fim da vida de pileque em pileque
até a morte em 20 de janeiro de 1983, um exemplo descartável a
boleiros quando do encerramento da carreira, embora ele tenha sido um
beberrão quando jogava. Na farra, contava piadas, sorria à toa e
torrava o dinheiro sem dó. Após a 'saideira', socava a mesa e
alardeava que em sua companhia ninguém pagava conta de bar.
Mané
não se apegava a bens materiais. Sustentava pais, irmãos, parentes
e mulheres, jamais dimensionando que o ídolo é mirado como exemplo.
No auge da fama, abandonava os treinos do Botafogo (RJ) para caçar
passarinhos e tomar cachaça com amigos de infância no distrito de
Pau Grande, município de Magé, interior do Rio de Janeiro. Foi lá
que nasceu e foi registrado como Manoel Francisco dos Santos.
Saudoso jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues dizia que ele era a única sanidade mental do País”. Por quê? “Ele não precisava pensar”, justificava. Mané, com as pernas tortas - a esquerda cinco centímetros mais curta que a direita - infernizava marcadores ao aplicar dribles desconcertantes. E os ironizavam ao chamá-los de ‘João’.
Ele ‘explodiu’ na Copa do Mundo na Suécia, em 1958. Chegou à competição como reserva do flamenguista Joel, e entrou na equipe brasileira só na terceira partida, contra a extinta União Soviética. Aí, ‘arrebentou’ com o jogo. Posteriormente teve participação decisiva na conquista daquele título mundial e, folclore ou não, em meio às comemorações, dizem que se aproximou do capitão Bellini e murmurou: “Eta torneinho curto e sem graça. Não tem nem segundo turno”.
Sem
consciência dos malefícios de jogar contundido, as lesões em seu
joelho foram se agravando e a queda de rendimento foi sintomática.
Depois, quando as pernas já não obedeciam ao cérebro, teimava
entrar em campo e passava vergonha. Era anulado com facilidade pelos
adversários.
Corinthians e Flamengo acreditaram que poderia
repetir em campo algumas das incontáveis boas jogadas, porém sem
sucesso.
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