domingo, 3 de abril de 2022

Futebol raçudo de Terto se encaixou no São Paulo

Viagem ao passado, para contar histórias de ídolos da época, implicam em reviver o cenário televisivo do futebol. Se até meados dos anos 60 a TV Record tinha os direitos de transmissão de jogos ao vivo do Paulistão, depois ocorreu um hiato sem imagens, prolongado até final dos anos 80, período em que os torcedores sem acesso aos estádios se contentavam em assistir videoteipe.

Naquele quesito a TV Bandeirantes era especialista, ao mostrar reprises de jogos já na calada da noite, na voz inconfundível do locutor Fernando Solera, que trocava o grito de gol pelo bordão 'o melhor futebol do mundo é no 13', para sublinhar o número de sintonia do canal. Logo, foi copiado pelo igualmente narrador Alexandre Santos, também na Bandeirantes, cuja entonação era 'guardooooooou', ao designar o atleta que havia marcado gol.

Ao incorporar a tese que imagens valem mais de que mil palavras, Solera simplificava a transmissão basicamente citando o nome do atleta de posse de bola. Em jogos do São Paulo campeão paulista de 1970, por exemplo, apenas descrevia 'bola com Gerson, Toninho Guerreiro, Terto, em contraste com o estardalhaço feito pela geração que o sucedeu.

Antes de montagens de equipes vitoriosas na década de 70, o São Paulo penou com jejum de 13 anos sem títulos. E Terto, registrado em 1946 como Tertuliano Severiano dos Santos, em Recife, chegou ao tricolor paulista precedido do Santa Cruz (PE) em 1968, caracterizado como jogador de pouca habilidade, mas raçudo nas disputas das jogadas. E quando perdia a bola, corria bastante na tentativa de recuperá-la, como fazem hoje atacantes de beirada nas recomposições, com diferencial de que naquela época atacante raramente recuava.

De veloz ponteiro-direito ele também tinha facilidade para se adaptar à antiga função do meia-direita, quando Paulo Nani era escalado na ponta. E atuando mais centralizado foi mais participativo nas 243 vitórias da equipe, quando totalizou 500 jogos e 84 gols, em passagem marcada por três títulos paulistas e da Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo de 1975. Assim, o vínculo com o clube se estendeu durante dez anos. Depois passou por Botafogo de Ribeirão Preto (SP), Ferroviário e Fortaleza - ambos do Ceará -, com o encerramento de carreira na Catanduvense, em 1982. Ele ainda trabalhou nas categorias de base do Tricolor.

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