Quem,
um dia, não falou uma tremenda bobagem e depois se arrependeu?
Diferentemente da maioria, o ex-treinador de futebol Carlos Alberto
Perreira publicamente não dá a mão à palmatória quando um dia
disse que ‘o gol é apenas um detalhe’. Falou em 1994, ano da
conquista do tetracampeonato mundial brasileiro, mas na prática o
trecho repercutido mundialmente foi extraído de um contexto, quando
citou que “o gol é apenas um detalhe de tantos outros que levam um
time à vitória”.
Intimamente
é impossível imaginar que Parreira não se sinta desconfortável
quando lembram-no sobre o assunto. Afinal, uma biografia marcada de
sucesso deveria ser dissociada da marcante frase. Hoje, aos 77 anos
completados em fevereiro passado, narra a sua trajetória de militar
que surgiu para o futebol quando adjunto do saudoso professor Cláudio
Coutinho na preparação física da Seleção Brasileira, que
conquistou o tricampeonato mundial na Copa do Mundo de 1970, no
México.
Parreira
migrou à carreira de treinador em 1975, no Fluminense. Três anos
depois foi trabalhar no Kuwait, jamais prevendo que precocemente
caísse no colo o comando da Seleção Brasileira em 1983, ocasião
em que soube absorver enxurrada de críticas pelo vice-campeonato da
Copa América, com derrota e empate diante do Uruguai.
Por
sorte, ano seguinte soube dar continuidade ao time do Fluminense
montado pelo antecessor José Luiz Carbone, e conquistou o título do
Campeonato Brasileiro. Embora não fosse intruso no meio, se
apresentasse como homem graduado no Exército brasileiro, havia
desconfiança da mídia paulistana dele prosperar na carreira de
treinador sem currículo de atleta. Nem por isso fugiu do desafio de
dirigir o Bragantino em 1991, em substituição a Vanderlei
Luxemburgo, e calou os seus detratores com o vice-campeonato
brasileiro daquela temporada.
Assim,
pavimentou retorno ao comando da Seleção Brasileira que em 1994,
após 24 anos de jejum, conquistou o tetracampeonato nos Estados
Unidos. Lá, colocou em prática a sua indisfarçável filosofia de
'futebol de resultados', e habilmente se desligou da função, certo
que as portas estariam escancaradas para retorno, que ocorreu em
2006.
Antes
disso, em 1998, amargou dolorosa dispensa da Seleção da Arábia
Saudita, após a segunda rodada da primeira fase, na derrota para a
Dinamarca por 1 a 0. E saiu sem ferir suscetibilidade.
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