sábado, 16 de maio de 2020

Parreira: ‘o gol é apenas um detalhe’


Quem, um dia, não falou uma tremenda bobagem e depois se arrependeu? Diferentemente da maioria, o ex-treinador de futebol Carlos Alberto Perreira publicamente não dá a mão à palmatória quando um dia disse que ‘o gol é apenas um detalhe’. Falou em 1994, ano da conquista do tetracampeonato mundial brasileiro, mas na prática o trecho repercutido mundialmente foi extraído de um contexto, quando citou que “o gol é apenas um detalhe de tantos outros que levam um time à vitória”.

Intimamente é impossível imaginar que Parreira não se sinta desconfortável quando lembram-no sobre o assunto. Afinal, uma biografia marcada de sucesso deveria ser dissociada da marcante frase. Hoje, aos 77 anos completados em fevereiro passado, narra a sua trajetória de militar que surgiu para o futebol quando adjunto do saudoso professor Cláudio Coutinho na preparação física da Seleção Brasileira, que conquistou o tricampeonato mundial na Copa do Mundo de 1970, no México.

Parreira migrou à carreira de treinador em 1975, no Fluminense. Três anos depois foi trabalhar no Kuwait, jamais prevendo que precocemente caísse no colo o comando da Seleção Brasileira em 1983, ocasião em que soube absorver enxurrada de críticas pelo vice-campeonato da Copa América, com derrota e empate diante do Uruguai.

Por sorte, ano seguinte soube dar continuidade ao time do Fluminense montado pelo antecessor José Luiz Carbone, e conquistou o título do Campeonato Brasileiro. Embora não fosse intruso no meio, se apresentasse como homem graduado no Exército brasileiro, havia desconfiança da mídia paulistana dele prosperar na carreira de treinador sem currículo de atleta. Nem por isso fugiu do desafio de dirigir o Bragantino em 1991, em substituição a Vanderlei Luxemburgo, e calou os seus detratores com o vice-campeonato brasileiro daquela temporada.

Assim, pavimentou retorno ao comando da Seleção Brasileira que em 1994, após 24 anos de jejum, conquistou o tetracampeonato nos Estados Unidos. Lá, colocou em prática a sua indisfarçável filosofia de 'futebol de resultados', e habilmente se desligou da função, certo que as portas estariam escancaradas para retorno, que ocorreu em 2006.

Antes disso, em 1998, amargou dolorosa dispensa da Seleção da Arábia Saudita, após a segunda rodada da primeira fase, na derrota para a Dinamarca por 1 a 0. E saiu sem ferir suscetibilidade.

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