Convenciona-se
dizer que os desígnios de Deus não são compreendidos, que por
vezes precisa-se de maturação para aceitá-los. Pois neste contexto
enquadrada-se o então meio-campista Henrique de Guarani e Vasco,
morto neste 20 de fevereiro em Campinas (SP), aos 57 anos de idade,
vitimado por câncer na língua.
Enquanto
línguas afiadas continuam soltas por aí, o campineiro Carlos
Henrique Kupper, sem 'boca pra nada', foi 'alvejado' exatamente na
língua por um câncer, que pode se manifestar sob forma de aftas ou
feridas dolorosas que não cicatrizam, aumentam de tamanho e não
melhoram com tratamentos.
Literatura
médica indica que os principais fatores de risco para
desenvolvimento da doença são consumo excessivo de cigarro, bebida
alcoólica, prótese dentária mal ajustada, má higiene bucal e
fatores genéticos. Curas são frequentes quando do diagnóstico
precoce do tumor, requerendo cirurgia e radioterapia.
Henrique
ficou marcado no futebol na passagem pelo Vasco da Gama no triênio
de 1986/88, inicialmente recuado da função de ponta-de-lança para
volante. E foi na posição que desbancou o titular Dunga na
temporada de 87, a partir do vigésimo jogo do Campeonato Carioca,
num time que conquistou o título com vitórias no triangular final
sobre Bangu e Flamengo, por 4 a 0 e 1 a 0, respectivamente.
O
gostinho do reserva Dunga voltar ao time, na 25ª rodada, deu-se pela
ausência de Henrique, mas tudo voltou como dantes na partida
subsequente. Na ocasião, o time vascaíno era formado por Acácio;
Paulo Roberto, Donato, Marôni e Mazinho; Henrique, Geovani e Tita;
Mauricinho, Roberto Dinamite e Romário, os dois últimos como
principais artilheiros da competição com 15 e 16 gols
respectivamente.
Por
ter sido atleta participativo, Henrique se adaptou com facilidade à
marcação. E se manteve na posição em passagens por Louletano e
Nacional de Portugal, e Fujitsu Kawasaki do Japão. Isso contrasta
com início de carreira no Guarani, como reserva de Jorge Mendonça.
E sem que prosperasse no futebol campineiro, passou por Comercial de
Ribeirão Preto (SP) e Santa Cruz (PE), antes de jogar no Rio de
Janeiro.
Ele
trabalhou como treinador no Estado de Goiás em Novo Horizonte e
Goiano. Posteriormente integrou escritório que empresaria jogadores
ao exterior, até que se radicasse em Campinas. Antes de adoecer,
participou de campeonatos para amadores em Campinas.
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