segunda-feira, 2 de março de 2020

Adeus a Henrique, que desbancou o volante Dunga


 Convenciona-se dizer que os desígnios de Deus não são compreendidos, que por vezes precisa-se de maturação para aceitá-los. Pois neste contexto enquadrada-se o então meio-campista Henrique de Guarani e Vasco, morto neste 20 de fevereiro em Campinas (SP), aos 57 anos de idade, vitimado por câncer na língua.

 Enquanto línguas afiadas continuam soltas por aí, o campineiro Carlos Henrique Kupper, sem 'boca pra nada', foi 'alvejado' exatamente na língua por um câncer, que pode se manifestar sob forma de aftas ou feridas dolorosas que não cicatrizam, aumentam de tamanho e não melhoram com tratamentos.

 Literatura médica indica que os principais fatores de risco para desenvolvimento da doença são consumo excessivo de cigarro, bebida alcoólica, prótese dentária mal ajustada, má higiene bucal e fatores genéticos. Curas são frequentes quando do diagnóstico precoce do tumor, requerendo cirurgia e radioterapia.

 Henrique ficou marcado no futebol na passagem pelo Vasco da Gama no triênio de 1986/88, inicialmente recuado da função de ponta-de-lança para volante. E foi na posição que desbancou o titular Dunga na temporada de 87, a partir do vigésimo jogo do Campeonato Carioca, num time que conquistou o título com vitórias no triangular final sobre Bangu e Flamengo, por 4 a 0 e 1 a 0, respectivamente.

 O gostinho do reserva Dunga voltar ao time, na 25ª rodada, deu-se pela ausência de Henrique, mas tudo voltou como dantes na partida subsequente. Na ocasião, o time vascaíno era formado por Acácio; Paulo Roberto, Donato, Marôni e Mazinho; Henrique, Geovani e Tita; Mauricinho, Roberto Dinamite e Romário, os dois últimos como principais artilheiros da competição com 15 e 16 gols respectivamente.

 Por ter sido atleta participativo, Henrique se adaptou com facilidade à marcação. E se manteve na posição em passagens por Louletano e Nacional de Portugal, e Fujitsu Kawasaki do Japão. Isso contrasta com início de carreira no Guarani, como reserva de Jorge Mendonça. E sem que prosperasse no futebol campineiro, passou por Comercial de Ribeirão Preto (SP) e Santa Cruz (PE), antes de jogar no Rio de Janeiro.

 Ele trabalhou como treinador no Estado de Goiás em Novo Horizonte e Goiano. Posteriormente integrou escritório que empresaria jogadores ao exterior, até que se radicasse em Campinas. Antes de adoecer, participou de campeonatos para amadores em Campinas.

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