segunda-feira, 2 de março de 2020

Adeus a Valdir Espinosa, meio século no futebol


 Dia 14 de fevereiro, ao se licenciar do cargo de executivo de futebol do Botafogo (RJ), o ex-treinador Valdir Atahualpa Ramires Espinosa, no contato diário com a mídia, reclamou de dores no abdômen e mostrava ansiedade com cirurgia agendada para correção da doença.

 Três semanas depois, complicação cirúrgica levaram-no a óbito aos 72 anos, no Rio de Janeiro. Terminava ali uma história superior a meio século vinculado ao futebol, inicialmente como atleta. O melhor estágio foi como treinador e no Grêmio, com conquistas da Libertadores e Mundial de Clubes em 1983. Na trajetória sul-americana, Espinosa ignorou a altitude de Laz Paz, na Bolívia, na preparação para enfrentar o Bolivar. Aos repórteres, quando questionado sobre o assunto, desconversava. Aos jogadores, até na preleção antes de a equipe entrar em campo, foi curto e grosso: “Pessoal, hoje é chocolate neles”.

 Apesar do status de campeão do mundo, anos depois não se constrangeu em exercer função de auxiliar técnico de seu então pupilo Renato Gaúcho. A facilidade de se expressar possibilitou ingresso na função de comentarista de televisão, mas não conseguiu ficar distante dos gramados. Ultimamente emprestava o vasto conhecimento da modalidade como gerente no Botafogo.

 Se como lateral-direito do Esportivo de Bento Gonçalves (RS) chegou ao Grêmio, não prosperou na carreira de atleta. Pôde sim colocar em prática a liderança natural de grupo como treinador. Exagera quem o rotulou como estrategista, mas foi singularíssimo na perspicácia sobre comportamento de atleta. Se precisasse mentir para motivá-lo, não titubeava. Time que dirigia se desdobrava em campo em busca de vitórias.

 Na rodagem de Norte a Sul do país no comando de equipes, Espinosa demonstrou seu estilo 'boleirão', principalmente na passagem pelo Botafogo (RJ), quando da conquista do título estadual de 1989. Conta o jornalista portoalegrense Darci Filho que naquela temporada o treinador programava churrasco a cada pós-jogo, regado a cerveja, com familiares como convidados, tudo bancado pelo bicheiro Emir Pinheiro.

 Como comandante, trabalhos bem-sucedidos intercalaram-se a fracassos. No histórico incluem-se passagens em Palmeiras, Corinthians, Portuguesa, Fluminense, Vasco, Tokyo Verde (JAP) e Cerro Porteño (PAR), mas em clube pequeno como o Duque de Caxias (RJ), por exemplo, foi demitido.

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