Dia
14 de fevereiro, ao se licenciar do cargo de executivo de futebol do
Botafogo (RJ), o ex-treinador Valdir Atahualpa Ramires Espinosa, no
contato diário com a mídia, reclamou de dores no abdômen e
mostrava ansiedade com cirurgia agendada para correção da doença.
Três
semanas depois, complicação cirúrgica levaram-no a óbito aos 72
anos, no Rio de Janeiro. Terminava ali uma história superior a meio
século vinculado ao futebol, inicialmente como atleta. O melhor
estágio foi como treinador e no Grêmio, com conquistas da
Libertadores e Mundial de Clubes em 1983. Na trajetória
sul-americana, Espinosa ignorou a altitude de Laz Paz, na Bolívia,
na preparação para enfrentar o Bolivar. Aos repórteres, quando
questionado sobre o assunto, desconversava. Aos jogadores, até na
preleção antes de a equipe entrar em campo, foi curto e grosso:
“Pessoal, hoje é chocolate neles”.
Apesar
do status de campeão do mundo, anos depois não se constrangeu em
exercer função de auxiliar técnico de seu então pupilo Renato
Gaúcho. A facilidade de se expressar possibilitou ingresso na função
de comentarista de televisão, mas não conseguiu ficar distante dos
gramados. Ultimamente emprestava o vasto conhecimento da modalidade
como gerente no Botafogo.
Se
como lateral-direito do Esportivo de Bento Gonçalves (RS) chegou ao
Grêmio, não prosperou na carreira de atleta. Pôde sim colocar em
prática a liderança natural de grupo como treinador. Exagera quem o
rotulou como estrategista, mas foi singularíssimo na perspicácia
sobre comportamento de atleta. Se precisasse mentir para motivá-lo,
não titubeava. Time que dirigia se desdobrava em campo em busca de
vitórias.
Na
rodagem de Norte a Sul do país no comando de equipes, Espinosa
demonstrou seu estilo 'boleirão', principalmente na passagem pelo
Botafogo (RJ), quando da conquista do título estadual de 1989. Conta
o jornalista portoalegrense Darci Filho que naquela temporada o
treinador programava churrasco a cada pós-jogo, regado a cerveja,
com familiares como convidados, tudo bancado pelo bicheiro Emir
Pinheiro.
Como
comandante, trabalhos bem-sucedidos intercalaram-se a fracassos. No
histórico incluem-se passagens em Palmeiras, Corinthians,
Portuguesa, Fluminense, Vasco, Tokyo Verde (JAP) e Cerro Porteño
(PAR), mas em clube pequeno como o Duque de Caxias (RJ), por exemplo,
foi demitido.
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