Sem que haja estatística
comparativa, está claro que hoje o aproveitamento de gols em cobranças de
faltas é significativamente inferior em relação às décadas de 50 a 80. À época
havia ‘fartura’ de boleiros que pegavam forte na bola, e com direção. O
ponteiro-esquerdo Pepe, do Santos, furava redes. Por isso ficou conhecido como ‘Canhão
da Vila’.
Mesmo em faltas nas proximidades
da área, a preferência recaía sobre chutes fortes. O meia Jair da Rosa Pinto, o
Jajá do Palmeiras, aterrorizava goleiros adversários. Lelé, ex-Vasco e Ponte
Preta, foi identificado como patada atômica. Igualmente Rivelino do Corinthians,
Nelinho do Cruzeiro, e laterais-esquerdos Carlucci - Botafogo de Ribeirão Preto
- e Roberto Carlos estufavam as redes com potentes chutes.
Numa demonstração de força na perna
direita para o chute, Nelinho colocou propositalmente a bola fora do Estádio do
Mineirão. Oldair, volante do Atlético Mineiro, fez o meia são-paulino Gerson,
na barreira, abaixar a cabeça para se proteger da bola, que foi pra rede, na vitória do Galo contra o São Paulo, no triangular final do Campeonato
Brasileiro de 1971, no Estádio do Mineirão.
Na ocasião, o saudoso Telê
Santana era técnico do Atlético, e ficava furioso quando seus jogadores
demonstravam medo de ficar na barreira. Na primeira passagem pelo São Paulo, em
1973, ele se irritou quando um jogador de seu time tirou a cabeça da bola num
chute forte de um adversário, em cobrança de falta. Como a bola entrou, no treino
do dia seguinte Telê ficou parado nas imediações da área, e mandou o jogador
medroso chutar a bola com toda força na direção dele, desviando alguns chutes
de cabeça. Depois, ficou de costas e mandou o mesmo jogador chutar com toda
força no corpo dele. E quando o jogador acertou o alvo, Telê sorriu e disse que
bolada não mata.
O meia Didi - com passagens por
Fluminense e Botafogo (RJ) - cobrava falta fora do alcance dos goleiros. Foi inventor
da folha seca, que consiste em efeito na bola ao cair no gol. Zico, no
Flamengo, foi quem mais se assemelhou ao chute de Didi. Neto, nos tempos de
Corinthians, batia colocado ou com força.