O folclórico treinador João Avelino ficou
esquecido por ocasião do 11º aniversário de morte no dia 24 de novembro
passado. Ele morreu aos 77 anos de idade quando, vitimado pelo Mal de Alzheimer,
sequer reconhecia as pessoas. Antes de adoecer ainda permaneceu ligado ao
futebol como consultor de treinadores e cartolas. Ensinava catimba e
malandragem.
Imagine um vestiário de um time de futebol no
intervalo de uma partida com ‘boleiros’ ofegantes, falatório dos exaltados, e
um técnico em busca de ajustes na equipe. Acreditem: Avelino isolou-se desse
ambiente quando dirigia o CAT (Clube Atlético Taquaritinga) em 1984, num jogo
noturno contra o Guarani, no Estádio Brinco de Ouro.
O time jogava mal e, revoltado, Avelino se
recusou a entrar no vestiário para as orientações de praxe aos jogadores, após
derrota por 2 a 0 no primeiro tempo. Preferiu colocar uma cadeira no túnel que
dá acesso ao vestiário e, com canivete afiado, descascava e chupava laranjas
com se tivesse num momento de descontração.
Certa ocasião, quando trabalhava no Fortaleza,
se espantou com a estatura do goleiro, de pouco mais de 1,70m de altura, e mandou
diminuir a altura da trave. Quando perceberam a tramoia, já havia festejado um
título cearense perseguido há cinco anos.
Em 1959, o Guarani corria sério risco de
rebaixamento à segunda divisão paulista, e tinha um jogo decisivo contra o
favorito Santos, no Estádio Brinco de Ouro. Sabem o que fez Avelino? Exigiu que
os jogadores bugrinos usassem meias pretas, nada a ver com as tradicionais
cores verde e branca do Bugre, que ganhou aquela partida por 3 a 2.
O ex-técnico Antonio Augusto, o Pardal, conta
que Avelino foi o inventor do treino coletivo sem bola. “O João ficava cantando
as jogadas e o atleta simulava estar com a bola. Gritava para o ponteiro
cruzar, para o atacante driblar e chutar para o gol, tudo sem a bola, e cumprido
à risca”, detalhou Pardal.
Palhinha e Basílio lembram que quando o mestre
deparava com jogadores de chutes fracos dava-lhes uma bolota de cinco quilos,
para que fizessem embaixadas visando ganhar força muscular, para pegarem mais
forte na bola.
Em 1971, quando treinador da Portuguesa, por
discordar da expulsão do meia Basílio contra a Ponte Preta, em Campinas, ele
invadiu o gramado e agrediu o juiz Romualdo Arpi Filho.
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