segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

João Avelino, muita catimba no futebol

 O folclórico treinador João Avelino ficou esquecido por ocasião do 11º aniversário de morte no dia 24 de novembro passado. Ele morreu aos 77 anos de idade quando, vitimado pelo Mal de Alzheimer, sequer reconhecia as pessoas. Antes de adoecer ainda permaneceu ligado ao futebol como consultor de treinadores e cartolas. Ensinava catimba e malandragem.

 Imagine um vestiário de um time de futebol no intervalo de uma partida com ‘boleiros’ ofegantes, falatório dos exaltados, e um técnico em busca de ajustes na equipe. Acreditem: Avelino isolou-se desse ambiente quando dirigia o CAT (Clube Atlético Taquaritinga) em 1984, num jogo noturno contra o Guarani, no Estádio Brinco de Ouro.

 O time jogava mal e, revoltado, Avelino se recusou a entrar no vestiário para as orientações de praxe aos jogadores, após derrota por 2 a 0 no primeiro tempo. Preferiu colocar uma cadeira no túnel que dá acesso ao vestiário e, com canivete afiado, descascava e chupava laranjas com se tivesse num momento de descontração.

 Certa ocasião, quando trabalhava no Fortaleza, se espantou com a estatura do goleiro, de pouco mais de 1,70m de altura, e mandou diminuir a altura da trave. Quando perceberam a tramoia, já havia festejado um título cearense perseguido há cinco anos.

 Em 1959, o Guarani corria sério risco de rebaixamento à segunda divisão paulista, e tinha um jogo decisivo contra o favorito Santos, no Estádio Brinco de Ouro. Sabem o que fez Avelino? Exigiu que os jogadores bugrinos usassem meias pretas, nada a ver com as tradicionais cores verde e branca do Bugre, que ganhou aquela partida por 3 a 2.

 O ex-técnico Antonio Augusto, o Pardal, conta que Avelino foi o inventor do treino coletivo sem bola. “O João ficava cantando as jogadas e o atleta simulava estar com a bola. Gritava para o ponteiro cruzar, para o atacante driblar e chutar para o gol, tudo sem a bola, e cumprido à risca”, detalhou Pardal.

 Palhinha e Basílio lembram que quando o mestre deparava com jogadores de chutes fracos dava-lhes uma bolota de cinco quilos, para que fizessem embaixadas visando ganhar força muscular, para pegarem mais forte na bola.

 Em 1971, quando treinador da Portuguesa, por discordar da expulsão do meia Basílio contra a Ponte Preta, em Campinas, ele invadiu o gramado e agrediu o juiz Romualdo Arpi Filho.

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