Décadas passadas dois perfis de treinadores
prevaleceram: estrategista que encaixava as suas equipes e comandante que sabia
se impor até sobre jogadores talentosos. O saudoso Oswaldo Brandão, que se encaixava
na segunda opção, fez sucesso, mas na passagem pela Ponte Preta em 1978 foi
contestado pelo jornalista Brasil de Oliveira - também falecido -, de O Estado
de São Paulo, que o acusou de desconhecimento tático.
Críticos de futebol que reverenciavam Brandão
só descobriram posteriormente que as virtudes dele se restringiam à capacidade
de motivar comandados, a partir de meados da década de 80. Com o êxodo natural
de craques ao exterior e redução de novos talentos, aumentou a exigência de
observação do treinador e Brandão começou a sucumbir.
Difícil foi ele admitir a decadência. Ao ser
demitido pelo Palmeiras, num elenco que não ‘decolava’, tentou justificar
preconceito por causa dos 65 anos de idade. “Algumas pessoas colocam o velho
como algo imprestável. E estão completamente enganadas. Talvez eu seja velho
cronologicamente, mas tenho vigor para continuar trabalhando como treinador, e
é exatamente o que farei”, disse à época.
Projeção errada. Perdeu espaço à beira dos
gramados para nova geração de profissionais que surgia, e migrou à função de
comentarista da TV Record, na equipe
do narrador Sílvio Luiz, até adoecer e morrer aos 73 anos de idade em 1989.
Quando os craques decidiam campeonatos, Brandão
conquistou cobiçados títulos. Foi bi do Campeonato Brasileiro no Palmeiras em
1972-73. No São Paulo de 1971 foi campeão estadual. No Corinthians será
lembrado pelo título do IV Centenário da Cidade de São Paulo e fim de 23 anos
de jejum de título do Campeonato Paulista. Adepto do kardecismo, entrou no
quarto do ex-meia Basílio, na finalíssima contra a Ponte, e falou que ele faria
o gol do título. Premonição ou psicologia, o certo é que Basílio foi o herói do
jogo.
Ascendência indistintamente sobre comandados
propiciou a chegada de Brandão à Seleção Brasileira no Campeonato Sul-Americano
em 1957 e Eliminatórias à Copa do Mundo de 1978, em época de rivalidade acirrada
de paulistas e cariocas. Ao escalar o lateral-esquerdo Wladimir contra a
Colômbia, em Bogotá, no empate sem gols, foi duramente criticado pela mídia do
Rio de Janeiro. Depois não resistiu às pressões e caiu.
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