terça-feira, 21 de novembro de 2017

Brandão, um vencedor sem conhecer tática




Décadas passadas dois perfis de treinadores prevaleceram: estrategista que encaixava as suas equipes e comandante que sabia se impor até sobre jogadores talentosos. O saudoso Oswaldo Brandão, que se encaixava na segunda opção, fez sucesso, mas na passagem pela Ponte Preta em 1978 foi contestado pelo jornalista Brasil de Oliveira - também falecido -, de O Estado de São Paulo, que o acusou de desconhecimento tático.

 Críticos de futebol que reverenciavam Brandão só descobriram posteriormente que as virtudes dele se restringiam à capacidade de motivar comandados, a partir de meados da década de 80. Com o êxodo natural de craques ao exterior e redução de novos talentos, aumentou a exigência de observação do treinador e Brandão começou a sucumbir.

 Difícil foi ele admitir a decadência. Ao ser demitido pelo Palmeiras, num elenco que não ‘decolava’, tentou justificar preconceito por causa dos 65 anos de idade. “Algumas pessoas colocam o velho como algo imprestável. E estão completamente enganadas. Talvez eu seja velho cronologicamente, mas tenho vigor para continuar trabalhando como treinador, e é exatamente o que farei”, disse à época.

 Projeção errada. Perdeu espaço à beira dos gramados para nova geração de profissionais que surgia, e migrou à função de comentarista da TV Record, na equipe do narrador Sílvio Luiz, até adoecer e morrer aos 73 anos de idade em 1989.

 Quando os craques decidiam campeonatos, Brandão conquistou cobiçados títulos. Foi bi do Campeonato Brasileiro no Palmeiras em 1972-73. No São Paulo de 1971 foi campeão estadual. No Corinthians será lembrado pelo título do IV Centenário da Cidade de São Paulo e fim de 23 anos de jejum de título do Campeonato Paulista. Adepto do kardecismo, entrou no quarto do ex-meia Basílio, na finalíssima contra a Ponte, e falou que ele faria o gol do título. Premonição ou psicologia, o certo é que Basílio foi o herói do jogo.

 Ascendência indistintamente sobre comandados propiciou a chegada de Brandão à Seleção Brasileira no Campeonato Sul-Americano em 1957 e Eliminatórias à Copa do Mundo de 1978, em época de rivalidade acirrada de paulistas e cariocas. Ao escalar o lateral-esquerdo Wladimir contra a Colômbia, em Bogotá, no empate sem gols, foi duramente criticado pela mídia do Rio de Janeiro. Depois não resistiu às pressões e caiu.

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