sábado, 19 de agosto de 2017

Baroninho, ponteiro-esquerdo do chute forte

 Quando o ponteiro-esquerdo Baroninho ajeitava a bola para cobrança de faltas, era perceptível a paúra de jogadores adversários previamente orientados para participar da formação da barreira. O chute parecia um foguete. O risco de provocar nocaute em quem a bola atingisse era evidente. Todavia, a pontaria geralmente recomendava endereço do gol ou próximo. Goleiros tinham incrível dificuldade para a defesa.

 Baroninho é o exemplo típico do ex-boleiro que unia o útil ao agradável para bater na bola. Se a força no pé foi uma dádiva, ele reconhece que o saudoso treinador Telê Santana teve participação preponderante para que assimilasse o jeito do chute.

 Foi assim que marcou a maioria dos gols na carreira com iniciada e terminada no Noroeste de Bauru de 1973 a 1988, intercalada em grandes clubes como Palmeiras - triênio a partir de 79 - e Flamengo. Palmeirenses da velha guarda jamais vão esquecer aquela surpreendente goleada imposta ao Flamengo em pleno Estádio do Maracanã por 4 a 1, no primeiro ano de agremiação do atleta, quando marcou um golaço e foi o principal destaque. O histórico dele no Verdão foi de 192 partidas e 32 gols, mas ele avisa que nos 15 anos de carreira marcou 172 gols, justificando que só não aumentou a marca porque era ‘passador de bola’.

 Consta nas fichas dos arquivos do Departamento Amador do Noroeste que na categoria infantil ficou alojado no clube Edilson Guimarães Baroni, o Baroninho, que aos dez anos de idade perdeu o pai e já havia se convencido que velocidade e sabedoria para usar a perna esquerda lhe renderiam a carreira de atleta. Talvez não imaginasse colocar no peito - mesmo na condição de reserva - medalhas dos títulos da Libertadores e Mundial de Clube pelo Flamengo em 1981.

 Essa identificação com o futebol o fez prosseguir no meio repassando aprendizado à garotada de escolinha ou categoria de bases de clubes. Nessa empreitada lançou, entre outros, os irmãos Richarlyson e Alessandro no Noroeste.


 Hoje, como treinador da equipe principal do XV de Jaú, Boroninho, 59 anos de idade, tem o hábito de ‘resenhar’ com a boleirada e cita casamento sólido dele de 32 anos, adverte para que guardem bem o dinheiro ganho, prega vida regrada sem vícios de cigarro e bebida, e compara a preparação física de outrora - caminhada de 20 quilômetros - com vantajosos exercícios em academia e esteira.

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