Quando o ponteiro-esquerdo Baroninho ajeitava
a bola para cobrança de faltas, era perceptível a paúra de jogadores
adversários previamente orientados para participar da formação da barreira. O
chute parecia um foguete. O risco de provocar nocaute em quem a bola atingisse
era evidente. Todavia, a pontaria geralmente recomendava endereço do gol ou próximo.
Goleiros tinham incrível dificuldade para a defesa.
Baroninho é o exemplo típico do ex-boleiro que
unia o útil ao agradável para bater na bola. Se a força no pé foi uma dádiva,
ele reconhece que o saudoso treinador Telê Santana teve participação
preponderante para que assimilasse o jeito do chute.
Foi assim que marcou a maioria dos gols na
carreira com iniciada e terminada no Noroeste de Bauru de 1973 a 1988, intercalada
em grandes clubes como Palmeiras - triênio a partir de 79 - e Flamengo. Palmeirenses
da velha guarda jamais vão esquecer aquela surpreendente goleada imposta ao
Flamengo em pleno Estádio do Maracanã por 4 a 1, no primeiro ano de agremiação
do atleta, quando marcou um golaço e foi o principal destaque. O histórico dele
no Verdão foi de 192 partidas e 32 gols, mas ele avisa que nos 15 anos de
carreira marcou 172 gols, justificando que só não aumentou a marca porque era ‘passador
de bola’.
Consta nas fichas dos arquivos do Departamento
Amador do Noroeste que na categoria infantil ficou alojado no clube Edilson
Guimarães Baroni, o Baroninho, que aos dez anos de idade perdeu o pai e já
havia se convencido que velocidade e sabedoria para usar a perna esquerda lhe
renderiam a carreira de atleta. Talvez não imaginasse colocar no peito - mesmo na
condição de reserva - medalhas dos títulos da Libertadores e Mundial de Clube
pelo Flamengo em 1981.
Essa identificação com o futebol o fez prosseguir
no meio repassando aprendizado à garotada de escolinha ou categoria de bases de
clubes. Nessa empreitada lançou, entre outros, os irmãos Richarlyson e
Alessandro no Noroeste.
Hoje, como treinador da equipe principal do XV
de Jaú, Boroninho, 59 anos de idade, tem o hábito de ‘resenhar’ com a boleirada
e cita casamento sólido dele de 32 anos, adverte para que guardem bem o
dinheiro ganho, prega vida regrada sem vícios de cigarro e bebida, e compara a
preparação física de outrora - caminhada de 20 quilômetros - com vantajosos exercícios
em academia e esteira.
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