No passado, cada clube tinha a sua
particularidade. O Inter portoalegrense, por exemplo, optava pelo chamado
centroavante trombador, aquele que repartia a bola com a ‘becaiada’ e a
empurrava para o gol.
Foi assim com Claudiomiro nos anos 60 e,
posteriormente com Flávio Minuano, Dario e Geraldão, todos incorporados à raça
gaúcha. E o formato teve continuidade com a chegada do curitibano Amarildo
Souza do Amaral em 1986, que, após desconfiança do torcedor, foi idolatrado na
semifinal da Copa União de 1987 ao marcar, de cabeça, o gol da vitória por 1 a
0 sobre o Cruzeiro, em pleno Estádio do Mineirão. Na final, o time colorado foi
suplantado pelo Flamengo. No empate por 1 a 1 no Estádio Beiro Rio, o gol foi de
Amarildo. O Fla venceu no Estádio do Maracanã por 1 a 0, gol de Bebeto.
Amarildo reconhecia seu estilo de jogador lento
e de caneleiro, mas respondia aos críticos com gols. “Eu sei que sou trombador,
mas boto a bola pra dentro. Tem muito centroavante habilidoso por aí que não
faz isso”, justificou à época à revista Placar.
Parte significativa dos gols foi de cabeça,
explorando a estatura de 1,85m de altura, aliada à boa impulsão. E como se
recomendava a centroavantes do passado, para ele não havia bola perdida, mesmo
com riscos nas divididas. O preço da ousadia foi perda de três dentes em
consequência de choque com o goleiro Almir do Inter de Santa Maria (RS).
Claro que isso não o amedrontou. Na semana
seguinte, já com dentadura, marcou gol no empate por 1 a 1 com o Grêmio. Ele já
tinha histórico de esmagamento do rim esquerdo em outro choque, mas manteve a
bravura, embora o preço dela tenha sido três fraturas no nariz ao longo da
carreira.
Choques também ocorreram na passagem pelo
Botafogo (RJ) no biênio 1984-85, mas sem gravidade. Difícil foi ter ficado
quatro meses sem receber salário no clube carioca. Isso resultou-lhe em
depressão e vício de bebida alcoólica e tabaco, só superado com ajuda do cristão
atacante Baltazar, que o levou à Igreja Batista.
A conversão como evangélico foi um prato cheio
para ser ironizado por companheiros do Inter, que o chamavam de irmão. De lá
ele se desligou em 1988, na transferência ao Celta da Espanha. O giro na Europa
foi ampliado nos italianos Lazio e Cosena, passagem pelo espanhol Logranés e português
Farmalicão.
No regresso ao Brasil, teve a chance de jogar
no São Paulo em 1995, porém sem o desempenho projetado. Aí restou-lhe o
complemento de carreira em clubes do interior paulista, com encerramento no
Independente de Limeira em 1998.
A tentativa de continuidade no futebol como
treinador não apresentou resultados práticos. Já foi comandante de equipes de
categorias de base, e até na equipe principal do Iraty, do Paraná.
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