domingo, 12 de fevereiro de 2017

Amarildo, trombador do Inter que fazia gols



 No passado, cada clube tinha a sua particularidade. O Inter portoalegrense, por exemplo, optava pelo chamado centroavante trombador, aquele que repartia a bola com a ‘becaiada’ e a empurrava para o gol.
 Foi assim com Claudiomiro nos anos 60 e, posteriormente com Flávio Minuano, Dario e Geraldão, todos incorporados à raça gaúcha. E o formato teve continuidade com a chegada do curitibano Amarildo Souza do Amaral em 1986, que, após desconfiança do torcedor, foi idolatrado na semifinal da Copa União de 1987 ao marcar, de cabeça, o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, em pleno Estádio do Mineirão. Na final, o time colorado foi suplantado pelo Flamengo. No empate por 1 a 1 no Estádio Beiro Rio, o gol foi de Amarildo. O Fla venceu no Estádio do Maracanã por 1 a 0, gol de Bebeto.
 Amarildo reconhecia seu estilo de jogador lento e de caneleiro, mas respondia aos críticos com gols. “Eu sei que sou trombador, mas boto a bola pra dentro. Tem muito centroavante habilidoso por aí que não faz isso”, justificou à época à revista Placar.
 Parte significativa dos gols foi de cabeça, explorando a estatura de 1,85m de altura, aliada à boa impulsão. E como se recomendava a centroavantes do passado, para ele não havia bola perdida, mesmo com riscos nas divididas. O preço da ousadia foi perda de três dentes em consequência de choque com o goleiro Almir do Inter de Santa Maria (RS).
 Claro que isso não o amedrontou. Na semana seguinte, já com dentadura, marcou gol no empate por 1 a 1 com o Grêmio. Ele já tinha histórico de esmagamento do rim esquerdo em outro choque, mas manteve a bravura, embora o preço dela tenha sido três fraturas no nariz ao longo da carreira.
 Choques também ocorreram na passagem pelo Botafogo (RJ) no biênio 1984-85, mas sem gravidade. Difícil foi ter ficado quatro meses sem receber salário no clube carioca. Isso resultou-lhe em depressão e vício de bebida alcoólica e tabaco, só superado com ajuda do cristão atacante Baltazar, que o levou à Igreja Batista.
 A conversão como evangélico foi um prato cheio para ser ironizado por companheiros do Inter, que o chamavam de irmão. De lá ele se desligou em 1988, na transferência ao Celta da Espanha. O giro na Europa foi ampliado nos italianos Lazio e Cosena, passagem pelo espanhol Logranés e português Farmalicão.
 No regresso ao Brasil, teve a chance de jogar no São Paulo em 1995, porém sem o desempenho projetado. Aí restou-lhe o complemento de carreira em clubes do interior paulista, com encerramento no Independente de Limeira em 1998.
 A tentativa de continuidade no futebol como treinador não apresentou resultados práticos. Já foi comandante de equipes de categorias de base, e até na equipe principal do Iraty, do Paraná.

Nenhum comentário: