Em 2013, aos 48 anos de idade, o
meio-campista Marco Antônio Boiadeiro surtou literalmente. Projetou que as
pernas ainda permitissem que voltasse a jogar profissionalmente no Tanabi, na
quarta-divisão de profissionais do Estado de São Paulo. Aí, irremediavelmente
teve que voltar às peladas com amadores de Monte Aprazível, cidade do interior
paulista em que é proprietário de uma fazenda, fixou moradia, solta a voz em
interpretações de músicas sertanejas, e revive a adolescência quando cuidava de
gado.
Só o fascínio pelo futebol
explica o descuido dele ao aceitar contratos em equipes de menor expressão como
Sãocarlense, Anápolis, Rio Branco de Americana e União Barbarense, onde
encerrou a carreira em 2000. O final decadente contrastou com o apogeu no Vasco,
Cruzeiro e Seleção Brasileira.
No Vasco, a partir de 1989,
comemorou o primeiro título na vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo, gol de
Sorato, no Estádio do Morumbi. Ali jogou com Bebeto, Sorato, Luís Carlos Vinck,
Mazinho e Bismarck, entre outros.
No primeiro ano de Cruzeiro, em
1991, sob o comando do saudoso treinador Ênio Andrade, jogou nesse time: Paulo
César Borges; Nonato, Paulão, Adilson Batista e Célio Gaúcho; Ademir, Marco
Antônio Boiadeiro e Luiz Fernando; Mário Tilico, Charles e Marquinhos. No clube,
foi bicampeão da Supercopa da Libertadores da América 91/92 e campeão da Copa
do Brasil em 93. O desempenho refletiu em contratos no Flamengo, Corinthians e
Atlético (MG), porém com rendimento inferior.
Na Seleção Brasileira do técnico
Carlos Alberto Parreira, em 1993, participou do Torneio US Cup nos EUA e Copa
América, no Equador. Ao atingir a quinta partida, enfrentando a Argentina, o
mundo desabou sobre a sua cabeça ao desperdiçar cobrança de pênalti que
implicou na eliminação dos brasileiros, após empate em 1 a 1 no tempo normal.
Aí recordou o trauma da perda do título do Campeonato Brasileiro de 1986
pelo Guarani, quando perdeu pênalti na final contra o São Paulo em Campinas, na
definição através desse experiente, após empate por 3 a 3 no tempo normal e
prorrogação.
O apelido de Boiadeiro se justifica porque no lombo de um cavalo
conduzia a boiada nos pastos de Américo Campos, cidade paulista onde nasceu. E
usava traje a caráter: bota de fivela, chapéu, calça apertada e cinturão. Foi
assim que apareceu no Estádio Santa Cruz, do Botafogo de Ribeirão Preto (SP),
para participar de treino peneira. E orgulha-se de ter sido o único aprovado na
relação de 39 garotos, em meados da década de 80.
No time principal do Botafogo
juntou-se aos também novatos Raí e Peu, e ao experiente Mário Sérgio, em 1985.
O segundo passo foi no Guarani onde a carreira deslanchou.
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