sábado, 11 de junho de 2016

Oscar, nada de beque de fazendas

 Como a Seleção Brasileira ganha notoriedade com a Copa América nos Estados Unidos, cabe viagem no tempo para lembrar o quão seguro foi Oscar Bernardes na zaga do selecionado, como integrante dos Mundiais de 1978 a 1986, o último como reserva de Júlio César.
 Hoje Oscar é um empresário bem-sucedido em sua cidade natal de Monte Sião e Águas de Lindóia. É o reflexo de como administrou bem o dinheiro ganho nos contratos feitos na Ponte Preta, quando se transferiu ao Cosmos dos Estados Unidos em 1979, e coroação no São Paulo nos anos 80.
 Claro que Oscar ‘peneirou’ ramos de atividades para avaliar que não prosperaria como pecuarista:
“Quem falar que fazenda dá lucro é maluco”, repetia. Por isso decidiu vender as duas que tinha para pastagem de gado em Monte Sião, e uma fábrica de laticínio com manipulação de cerca de sete mil litros de leite diariamente. Optou pela compra de imóveis e apostou em turistas naquela região para montar hotel rural na cidade.
 Em Águas de Lindóia instalou sofisticado centro esportivo para formação de atletas e receber delegações de clubes, após aposentar projeto infrutífero como treinador de futebol, inclusive com passagem pelo Guarani. Embora comunicativo, líder nato e inegáveis conhecimentos táticos do futebol, foi mais um dos ex-jogadores sem prosperidade como comandante em clubes.
 Isso contrasta com o seu histórico de atleta iniciado em meados da década de 70 nas categorias de base da Ponte Preta. Dos garotos lapidados, foi promovido aos 17 anos de idade em decorrência de bom posicionamento, desarme, e ter sido quase imbatível no jogo aéreo. Oscar fez da determinação a arma principal para corrigir defeitos e aprimorar virtudes.
 Do primeiro contrato profissional foi possível comprar um Fusca branco recheado de acessórios, principalmente o teipe para ouvir sambas de Paulinho da Viola, Clara Nunes e Martinho da Vila.
Naquela época ele cursava o antigo colegial, era rodeado de puxa-sacos que, na ausência dele, até respondiam presença nas chamadas aos alunos, além de assédio da mulherada. Nada disso o empolgava. Tinha discernimento para administrar aquelas situações.
 Na época, o seu professor da disciplina de Educação Moral e Cívica, Benedito Mezacappa - que jurava ser torcedor pontepretano -, não conseguiu associar o jogador ao aluno. Por isso, ao comunicar notas do bimestre dos estudantes, atribuiu um zero para Oscar por pela ausência à prova.
 Paradoxalmente o aluno bugrino Cláudio Corrente - futuramente diretor de futebol do Guarani - alertou o professor que o então zagueiro jogava no dia da referida prova.
 - Você é o Oscar jogador? -, questionou o professor, provavelmente torcedor de radinho, e de certo avesso à leitura de jornais e noticiário de televisão.

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