Está em desuso a expressão dupla de área de
ataque, outrora corriqueira no futebol. Elas consistiam em um atacante
centralizado - o centroavante -, que tinha como companheiro bem próximo o
meia-atacante, cuja nomenclatura era meia-direita ou meia-esquerda, geralmente
condutor de bola, driblador, e homem gol.
A mais famosa das duplas de ataque foi Pelé e
Coutinho no Santos, com tabelinhas inigualáveis. Posteriormente Toninho
Guerreiro sucedeu Coutinho e as tabelas rarearam. Outros exemplos de famosos
que fizeram essas duplas foram Sócrates e Casagrande no Corinthians, César e
Leivinha no Palmeiras, Tostão e Evaldo no Cruzeiro, entre tantas outras.
Foram registrados casos de duplas formadas
originariamente em um clube e posteriormente migradas para outro. A mais
badalada foi batizada de ‘casal 20’ ,
formada por Washington e Assis, ambos falecidos, que transportaram o sucesso do
Atlético Paranaense para o Fluminense. Maritaca e Téia saíram da Ferroviária de
Araraquara - interior paulista - no final dos anos 60, para remontarem a dupla
no São Paulo. Amoroso e Luizão, revelados na base do Guarani em meados da
década de 90, tiveram reencontro no São Paulo em 2005.
O futebol paranaense também foi brindado pela
dupla Paquito e Tião Abatiá, cuja parceria se repetiu em três clubes daquele
Estado. Paquito, o septuagenário José Martins Masso, paulista de Ribeirão do
Sul, já estava no União Bandeirantes há um ano com a chegada de Tião Abatia em
1966. Caprichosamente a dupla disputava a artilharia da competição regional,
sem que isso caracterizasse rivalidade entre ambos. O companheiro melhor
colocado para marcar o gol sempre era servido, e assim prosseguia o bom
relacionamento fora de campo.
Quem suspeitou que a dupla fosse desfeita com
o empréstimo de Paquito ao Coritiba em 1969, para a disputa do Torneio Roberto
Gomes Pedrosa, o Robertão, se equivocou. Ambos se reencontraram no União
Bandeirantes na temporada seguinte com repertório de habilidade, velocidade e
gols. E juntos permaneceram mais alguns anos quando o Coritiba optou por
contratá-los em 1971, ano em que a Revista
Placar homenageou Tião Abatia com a ‘Bola de Prata’, por ter sido eleito o
melhor centroavante do Brasil, e que o atleta já havia passado discretamente
pelo São Paulo.
O apelido Abatiá advém da cidade paranaense em
que nasceu e foi registrado com o nome de Sebastião José Ferri. Ele foi um
centroavante de caixa torácica avantajada e protegia bem a bola antes do giro e
finalização. Assim, em 1972 foi cotado para integrar a Seleção Brasileira na
Taça Independência, mas o sonho acabou com a fratura na perna em jogo contra o
Cianorte.
Quis o destino que Tião Abatiá e Paquito se
reencontrassem no Grêmio Maringá sem o brilho de outrora. Em comum entre ambos
consta ainda o ano de nascimento: 1945.
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