domingo, 21 de junho de 2015

Paquito e Tião Abatiá, a dupla no Paraná

 Está em desuso a expressão dupla de área de ataque, outrora corriqueira no futebol. Elas consistiam em um atacante centralizado - o centroavante -, que tinha como companheiro bem próximo o meia-atacante, cuja nomenclatura era meia-direita ou meia-esquerda, geralmente condutor de bola, driblador, e homem gol.
 A mais famosa das duplas de ataque foi Pelé e Coutinho no Santos, com tabelinhas inigualáveis. Posteriormente Toninho Guerreiro sucedeu Coutinho e as tabelas rarearam. Outros exemplos de famosos que fizeram essas duplas foram Sócrates e Casagrande no Corinthians, César e Leivinha no Palmeiras, Tostão e Evaldo no Cruzeiro, entre tantas outras.
 Foram registrados casos de duplas formadas originariamente em um clube e posteriormente migradas para outro. A mais badalada foi batizada de ‘casal 20’, formada por Washington e Assis, ambos falecidos, que transportaram o sucesso do Atlético Paranaense para o Fluminense. Maritaca e Téia saíram da Ferroviária de Araraquara - interior paulista - no final dos anos 60, para remontarem a dupla no São Paulo. Amoroso e Luizão, revelados na base do Guarani em meados da década de 90, tiveram reencontro no São Paulo em 2005.
 O futebol paranaense também foi brindado pela dupla Paquito e Tião Abatiá, cuja parceria se repetiu em três clubes daquele Estado. Paquito, o septuagenário José Martins Masso, paulista de Ribeirão do Sul, já estava no União Bandeirantes há um ano com a chegada de Tião Abatia em 1966. Caprichosamente a dupla disputava a artilharia da competição regional, sem que isso caracterizasse rivalidade entre ambos. O companheiro melhor colocado para marcar o gol sempre era servido, e assim prosseguia o bom relacionamento fora de campo.
 Quem suspeitou que a dupla fosse desfeita com o empréstimo de Paquito ao Coritiba em 1969, para a disputa do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, se equivocou. Ambos se reencontraram no União Bandeirantes na temporada seguinte com repertório de habilidade, velocidade e gols. E juntos permaneceram mais alguns anos quando o Coritiba optou por contratá-los em 1971, ano em que a Revista Placar homenageou Tião Abatia com a ‘Bola de Prata’, por ter sido eleito o melhor centroavante do Brasil, e que o atleta já havia passado discretamente pelo São Paulo.
 O apelido Abatiá advém da cidade paranaense em que nasceu e foi registrado com o nome de Sebastião José Ferri. Ele foi um centroavante de caixa torácica avantajada e protegia bem a bola antes do giro e finalização. Assim, em 1972 foi cotado para integrar a Seleção Brasileira na Taça Independência, mas o sonho acabou com a fratura na perna em jogo contra o Cianorte.

 Quis o destino que Tião Abatiá e Paquito se reencontrassem no Grêmio Maringá sem o brilho de outrora. Em comum entre ambos consta ainda o ano de nascimento: 1945.

Nenhum comentário: