Em março de 2002, no terceiro ano consecutivo
da coluna, o homenageado foi José Eli de Miranda, o Zito, volante bicampeão
brasileiro pela Seleção e de mundial de clubes. Neste 14 de junho, aos 82 anos
de idade, Zito morreu em Santos em decorrência de um ACV (Acidente Vascular
Cerebral).
Há 15 anos Zito foi citado como o pecuarista
que calçava botas sete léguas de vez em quando para acompanhar o gado no pasto,
antes de o dia clarear, em sua fazenda de 50 alqueires em Pindamonhangaba (SP).
E quando enjoava do cheiro de mato voltava à residência em Santos e aproveitava
a ociosidade para jogar conversa fora no Posto do Lalá, ex-goleiro santista, reduto
de boleiros do Peixe das décadas de 50 e 60.
Naquela roda Zito comunicava aos desavisados
que o seu estilo raçudo, boa marcação e projeção com bola ao ataque havia sido
determinante para ganhar a posição de Dino Sani na terceira rodada da Copa do
Mundo de 1958, na Suécia, na histórica vitória por 2 a 0 sobre a então União
Soviética.
Naquele jogo o treinador brasileiro Vicente
Feola também trocou o ponteiro-direito Joel por Garrincha e Dida por Pelé.
Antes, no empate sem gols com a Inglaterra, já havia optado por Vavá no lugar
de Mazola, num time que terminou a competição com Gilmar; Djalma Santos,
Belini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo.
Zito surgiu no Santos na década de 50 e em
1957 já era o capitão da equipe do tipo mandão. Se preciso fosse encararia até
Pelé com dedo em riste.
Naquele ano o time era formado por Manga; Nilson e Feijó;
Ramiro, Formiga e Zito; Tite, Del Vechio, Pagão, Jair (Pelé) e Pepe.
Zito tinha bom passe e de vez em quando fazia
alguns golzinhos, três deles na Seleção Brasileira nos exatos 50 jogos que
participou. Ele contou que o gol mais importante na carreira foi na virada de
placar contra a Tchecoslováquia na final da Copa do Mundo de 1962, no Chile.
Aos 25 minutos do segundo tempo, Amarildo cruzou e ele, de cabeça, fez 2 a 1. Depois Vavá selou o
bicampeonato num time dirigido pelo treinador Aimoré Moreira e com Nilton
Santos como único remanescente da defesa titular de 1958. O quarteto defensivo
de 1962 tinha Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos.
Zito foi um colecionador de títulos paulistas
no Santos, única camisa que clubes que vestiu: 58, 60, 61, 62, 64, 65 e 67. Um
ano depois pendurou as chuteiras após o Santos ter descoberto o seu sucessor:
Clodoaldo.
Zito torceu o nariz com o surgimento do
volante de contenção criado pelo Fluminense em 1964, com Denílson. A moda pegou
e hoje é comum os clubes adotarem até três pegadores no setor.
Além de bois e imóveis, a bola deu-lhe uma
empresa de artefatos de borracha, com cerca de 100 funcionários, administrada
pelo filho Júnior. Zito foi supervisor e diretor do Santos, mas por fim
preferiu sombra e água fresca. Afinal merecia.
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