Nos anos 60 a Ferroviária de Araraquara (SP) ficou
conhecida como produtora de jogadores qualificados, e o São Paulo se apressava
em buscá-los para reabastecer o seu elenco. Foi assim com a dupla de ataque
Maritaca e Téia e os ponteiros-direitos Peixinho e Faustino, para não se
alongar nos exemplos. Nos anos 80 essa mesma ‘Ferrinha’ foi propagada
nacionalmente porque contava com um dos jogadores mais violentos do futebol
brasileiro: Antenor José Cardoso ou simplesmente Pinheirense, que morreu no dia
21 de agosto em Recife (PE) de 2009.
Pinheirense completaria 54 anos de idade em
novembro daquele ano, era natural do Maranhão, e a sua aparição deu-se no
Náutico no final dos anos 70.
A fama de homem mau se consolidou na Ferroviária, nos
anos 80, quando impiedosamente ‘abria a caixa de ferramenta’, diziam antigos
locutores esportivos. Na maioria das vezes acertava meio gomo da bola e metade
do pé do adversário. Logo, foi recordista de expulsões e, apesar disso, ainda
arrumou emprego em clubes do interior de São Paulo, Londrina (PR) e Coritiba.
Quis o destino que Pinheirense vivesse os
últimos anos em uma cadeira de roda. Ficou paraplégico ao ser alvejado com um
tiro nas costas em 2000, disparado pelo marido de uma ex-namorada, na capital
paulista.
Alguns treinadores do passado foram
responsabilizados por violência de seus jogadores. Mandavam bater da medalhinha
pra cima, ou a referência de ‘bola ou bolim’, em que passava a bola e não
passava o adversário.
O falecido zagueiro Moisés - que jogou no
Bangu e Corinthians - tinha fama de xerife, mas raramente foi expulso. Ele confessou
que jogava duro, porém sem deslealdade. “Quase ganho o Belfort Duarte”, brincou
certa ocasião, numa referência ao prêmio instituído pelo Conselho Nacional de
Desportos em 1945, entregue a atleta que passava dez anos sem ser expulso de
campo.
Márcio Rossini - ex-Marília (SP), Santos,
Bangu e Flamengo - jogava duro e muitas vezes recebeu o cartão vermelho. Foi o
típico zagueiro temido por atacantes adversários, embora não se valesse só da truculência
para se impor. Era bom marcador, tanto que jogou em grandes clubes e foi
campeão paulista no Santos em 1984, quando formava dupla de zaga com Toninho
Carlos.
Na época, parte dos zagueiros extrapolava em
jogadas mais duras quando seus times eram mandantes de jogos. Pressionada, a ‘juizada’
pipocava no momento da expulsão, porque não tinha segurança nos estádios e
temia por agressões.
Agora, quem abusa do antijogo na maioria das
vezes recebe o cartão vermelho até mesmo no primeiro tempo. E o ex-árbitro
Almir Ricci Peixoto Laguna ficou marcado num dérbi campineiro - Ponte e Guarani
- há 31 anos, ao expulsar o lateral-direito pontepretano Édson Abobrão aos 40
segundos, após entrada violenta sobre o meia Neto.
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