Quem vê zagueiros do Palmeiras dando chutões
para a arquibancada talvez desconheça a história de Djalma Dias, zagueiro de
técnica refinada e avesso aos ‘bicões’. Ele marcou época no clube na década de
60, nos tempos de ‘academia alviverde’.
O dia primeiro maio marcou o 24º da morte dele,
vítima de aneurisma cerebral. Fosse vivo, hoje ele estaria hoje com 74 anos de
idade e teria muitas histórias para contar, uma delas é que ainda como jogador
já era dono de oficina mecânica, empresa de importação de produtos químicos e
de modesta editora.
A bela carreira teve início no América do Rio
de Janeiro, participando do time campeão carioca de 1960. Três anos depois já
era titular absoluto do Palmeiras e encantava a torcida com seu estilo
clássico. Tinha o tempo exato da bola e se destacava pela capacidade de
antecipação. Este estilo o levou à Seleção Brasileira em 1965, e ganhou todas as
16 partidas que participou. Inexplicavelmente, em 1966 foi cortado às vésperas
da Copa da Inglaterra, e a história se repetiu em 1970, no México, sendo que um
ano antes havia sido titular absoluto nas Eliminatórias. “São águas passadas. O
futebol me deu muito mais alegrias do que tristeza”, resumia, na época, para
evitar polêmica.
Em 1968, Djalma Dias saiu brigado do Palmeiras
por causa do pagamento dos 15%, da venda de seu passe para o Atlético Mineiro.
Com o impasse, ficou sem jogar vários meses, e a situação só foi contornada
depois que se transferiu ao Santos. E anos depois, ele esclareceu porque comprou
o briga com o Palmeiras: “Estava ancorado em um dos maiores dirigentes de
futebol que o Brasil já teve: Nicolau Moran Vilar, vice-presidente do Santos.
Ele queria me levar para a Vila Belmiro e pagou-me salários durante todo tempo
que fiquei sem clube”.
Djalma encerrou a carreira como jogador
profissional no Botafogo do Rio, em 1974. Lá, formou dupla de zaga com Brito,
num time que contava, entre outros, com os atacantes Roberto Miranda e
Jairzinho.
Depois foi jogar no Milionário, equipe de
veteranos que fez sucesso na década de 70, e integrou a seleção brasileira de máster
do radialista Luciano do Vale - já falecido -, ocasião em que respondia
insistentes perguntas sobre os segredos para conservar 66 quilos, distribuídos
em 1,77m de altura. “Meu termômetro é minha cerveja diária. Essa é sagrada”,
garantia.
Djalma Dias partiu cedo, mas deixou um
herdeiro que faz tanto ou mais sucesso: o meia Djalminha, que já parou de jogar.
O zagueiro viveu um dia de grande emoção em 4 de janeiro de 1987, quando seu
filho, ainda juvenil do Flamengo, o esperava no quarto do hotel depois que a
seleção de máster goleou a Itália por 4 a 0. “Pai, você arrebentou com o jogo”, disse
espontaneamente o menino, ao abraçá-lo. E o velho Djalma retrucou: “Se eu
sofresse do coração, teria morrido”.
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