Este 17 de fevereiro marca o oitavo ano da
morte do meia Jorge Mendonça, que havia fixado residência em Campinas a partir
de 1980, quando foi contratado pelo Guarani. Num gesto carinhoso de bom filho,
ele trouxe à cidade os pais que moravam no Rio de Janeiro.
Jorge Mendonça deixou impressão de atleta
indisciplinado por causa de rugas mal explicadas dos tempos em que trabalhou
com o treinador Telê Santana - também falecido -, no Palmeiras.
Rancoroso, Telê foi à forra ao não relacioná-lo
à Copa do Mundo da Espanha, em 1982, quando treinava a Seleção Brasileira, justamente
no período em que Jorjão
atravessava uma das melhores fases da carreira.
Quem jogou ao lado dele, como o ex-meia
pontepretano Dicá, em 1983, dá outro testemunho do então companheiro: ‘Parecia
uma moça’. O também falecido treinador Zé Duarte, que o comandou de 1980 a 1982 no Guarani,
cobrava postura mais egocêntrica de seu ex-pupilo: “O Jorge era um bobão. Gostava
de todo mundo e não aprendeu a gostar dele mesmo”.
Zé Duarte ficava indignado com a vida de seu
ex-craque de bar em bar, exatamente porque tinha um carinho especial por ele,
tanto que lhe dispensava tratamento diferenciado em relação ao grupo de
jogadores. “De vez em quando o Jorge tomava umas a mais à noite e, quando isso
acontecia, no dia seguinte eu o deixava descansando”.
Depois, na conversa ao ‘pé do ouvido’, o
paizão Zé Duarte cobrava dele que decidisse a próxima partida. “E o Jorge
decidia”, lembrava o treinador, justificando ao grupo as razões de regalias ao
craque.
Em 1980, quando o então presidente do Guarani,
Antonio Tavares Júnior, o contratou para repor a saída do meia Renato ‘Pé Mucho’,
um jornalista o contestou em off (sem divulgação): “Presidente, trazer refugo
do Vasco! Jorge Mendonça já era”.
O tempo provou o acerto da contratação.
Tavares Júnior usou o dinheiro da venda do passe de Renato para construir 4/5
do tobogã (principal lance de arquibancada do Estádio Brinco de Ouro), e ainda
teve sobra para buscar Jorge Mendonça, meia-atacante mais qualificado que
Renato, artilheiro nato, emérito cabeceador e acerto em cobranças de falta
perto da área adversária.
Só no Guarani Jorge Mendonça marcou 58 gols em
1981, sendo 38 deles no Campeonato Paulista. Na passagem pelo Palmeiras marcou
o gol de cabeça da conquista do título paulista de 1976.
O meia foi mais uma das histórias de ‘boleiros’
que não sabem o que fazer quando as pernas ficam cansadas e acaba a carreira de
jogador. A Ponte lhe deu chance para ingressar na função de treinador da categoria
de juniores, mas faltou-lhe a aptidão de comandante. Assim, não prosperou na
atividade.
Sem projeto definido para retomada de emprego,
com dinheiro rareando e família dividida, ele enfrentou repetidas dificuldades decorrentes
de boleiros naquela situação.
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