segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Oito anos sem Jorge Mendonça

  Este 17 de fevereiro marca o oitavo ano da morte do meia Jorge Mendonça, que havia fixado residência em Campinas a partir de 1980, quando foi contratado pelo Guarani. Num gesto carinhoso de bom filho, ele trouxe à cidade os pais que moravam no Rio de Janeiro.
 Jorge Mendonça deixou impressão de atleta indisciplinado por causa de rugas mal explicadas dos tempos em que trabalhou com o treinador Telê Santana - também falecido -, no Palmeiras.
 Rancoroso, Telê foi à forra ao não relacioná-lo à Copa do Mundo da Espanha, em 1982, quando treinava a Seleção Brasileira, justamente no período em que Jorjão atravessava uma das melhores fases da carreira.
 Quem jogou ao lado dele, como o ex-meia pontepretano Dicá, em 1983, dá outro testemunho do então companheiro: ‘Parecia uma moça’. O também falecido treinador Zé Duarte, que o comandou de 1980 a 1982 no Guarani, cobrava postura mais egocêntrica de seu ex-pupilo: “O Jorge era um bobão. Gostava de todo mundo e não aprendeu a gostar dele mesmo”.
 Zé Duarte ficava indignado com a vida de seu ex-craque de bar em bar, exatamente porque tinha um carinho especial por ele, tanto que lhe dispensava tratamento diferenciado em relação ao grupo de jogadores. “De vez em quando o Jorge tomava umas a mais à noite e, quando isso acontecia, no dia seguinte eu o deixava descansando”.
 Depois, na conversa ao ‘pé do ouvido’, o paizão Zé Duarte cobrava dele que decidisse a próxima partida. “E o Jorge decidia”, lembrava o treinador, justificando ao grupo as razões de regalias ao craque.
 Em 1980, quando o então presidente do Guarani, Antonio Tavares Júnior, o contratou para repor a saída do meia Renato ‘Pé Mucho’, um jornalista o contestou em off (sem divulgação): “Presidente, trazer refugo do Vasco! Jorge Mendonça já era”.
 O tempo provou o acerto da contratação. Tavares Júnior usou o dinheiro da venda do passe de Renato para construir 4/5 do tobogã (principal lance de arquibancada do Estádio Brinco de Ouro), e ainda teve sobra para buscar Jorge Mendonça, meia-atacante mais qualificado que Renato, artilheiro nato, emérito cabeceador e acerto em cobranças de falta perto da área adversária.
 Só no Guarani Jorge Mendonça marcou 58 gols em 1981, sendo 38 deles no Campeonato Paulista. Na passagem pelo Palmeiras marcou o gol de cabeça da conquista do título paulista de 1976.
 O meia foi mais uma das histórias de ‘boleiros’ que não sabem o que fazer quando as pernas ficam cansadas e acaba a carreira de jogador. A Ponte lhe deu chance para ingressar na função de treinador da categoria de juniores, mas faltou-lhe a aptidão de comandante. Assim, não prosperou na atividade.

 Sem projeto definido para retomada de emprego, com dinheiro rareando e família dividida, ele enfrentou repetidas dificuldades decorrentes de boleiros naquela situação. 

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