segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Lula, ponteiro bom de bola e rebelde


 O apelido Lula para pessoa com nome Luís ou Luiz está em desuso há pelo menos duas décadas. Duvida? Aponte nos campeonatos dos principais centros do país atletas identificados desta forma?
 Outrora os Lulas se espalhavam por este Brasil afora, e um deles foi presidente da República. No futebol, os dois mais famosos foram Luís Alonso, vitorioso treinador do Santos nos anos 60, e Luís Ribeiro Pinto Neto, ponteiro-esquerdo pernambucano de Arco Verde, que fez sucesso no Fluminense e Inter (RS).
 O driblador e veloz Lula em questão foi rebelde e bateu de frente com o treinador Rubens Minelli quando trabalharam no clube colorado na década de 70. O então atleta chegou ao clube em 1974 quando era montado o time dos sonhos do torcedor, que resultou na conquista do bicampeonato brasileiro no biênio de 1975-76, num time cuja base era formada por Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga; Caçapava, Falcão e Carpeggiani; Valdomiro, Flávio Minuano e Lula. Além deles, Cláudio Duarte, Jair e Escurinho eram opções.
 Apesar disso, no ápice da carreira Minelli pediu demissão porque já não suportava Lula. O blogueiro gaúcho Marcelo Xavier reproduziu desabafo do treinador naquela ocasião; “O Lula enche todo dia. Todo dia é uma tragédia. Quer bicho, nunca chega na hora, e assim não dá para continuar”.
 Visando contemporizar o problema, o vice-presidente de futebol Federico Arnaldo Ballvé reuniu o elenco, e segundo descrição do jornalista Xavier o tom da conversa foi áspero.
 - Vocês viram o que fizeram - berrava o dirigente com palavrões.
- O Minelli pediu demissão. Quem tem algo contra ele que? -, desafiou Ballvé, projetando que todos se calariam.
- Eu tenho - apressou-se em responder Lula, de mãos erguidas.
- Tu não - interrompeu Ballvé.
- Tu briga até com a tua mãe - retrucou o hábil dirigente, que contornou o problema com a permanência de ambos no clube, e alardeou à mídia que “durante a semana o Lula nos incomoda, mas no domingo ele incomoda os adversários”.
 Lula ficou no Inter até 1977, quando se transferiu para o Sport Recife. E dois anos depois ele encerrou a carreira de atleta, migrando para as funções de treinador, com passagem até pela Arábia Saudita. Em novembro passado Lula completou 67 anos de idade.
 A carreira de atleta foi desabrochada no Fluminense em 1965, mas só ganhou notoriedade após rápido empréstimo ao Palmeiras dois anos depois. Em 1971, ele marcou o gol do título carioca para o Fluminense sobre o Botafogo, num time formado por Félix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antonio; Silveira e Didi (Flávio Minuano); Wilton (Cafuringa), Cláudio Garcia, Ivair e Lula. Na ocasião, o Estádio do Maracanã recebeu público de 142.339 pagantes. Lula participou ainda de 13 jogos pela Seleção Brasileira na década de 70.
            

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