Os berros de técnicos de futebol que ecoam
pelos gramados são ‘fichinhas’ se comparados aos estilos de disciplinadores
como Flávio Costa, Osvaldo Brandão e Yustrich, já falecidos. Num jogo do Vasco
contra o América-RJ em 1950, pelo Campeonato Carioca, o meia vascaíno Ipojucan
se dirigiu a Flávio Costa, no intervalo, e pediu para sair, com alegação de que
não passava bem. Diz a lenda que Flávio Costa, irritado com a derrota parcial
por 1 a 0,
esbofeteou o jogador e exigiu que continuasse em campo. Conclusão :
o Vasco virou o placar para 2 a
1 e Ipocujan ‘deitou e rolou’.
Dorival Knipel, o Yustrich, teve rico
histórico como goleiro do Flamengo nas décadas de 30 e 40, quando conquistou os
títulos em 1939 e 1942, o que lhe abriu portas como treinador nos principais
clubes do Rio de Janeiro.
Metido a valentão, Yustrich comprava brigas
com jogadores, imprensa e até companheiros de profissão. Ganhou o apelido de ‘homão’
porque era alto e forte. Se inovou ao exigir mesa farta de frutas para boleiros
após treinos e jogos, impunha contestável estilo militar no comando dos grupos
e arrumava encrencas.
Em 1971, por exemplo, quando era treinador do
Flamengo, barrou o talentoso argentino Doval - já falecido - porque não admitia
jogadores de cabelos compridos. Yustrich desconsiderou habilidade, velocidade,
boa impulsão e gols daquele ponteiro-direito, um gringo loiro, olhos azuis e
que fazia sucesso com a mulherada nas boates da zona sul do Rio de Janeiro.
Acreditem: Doval voltou ao futebol argentino por empréstimo e Yustrich - que
também tinha ojeriza por barbudos - ficou na Gávea.
Dois anos antes, Yustrich só escapou da ira do
técnico João Saldanha porque não estava na concentração do Flamengo, time que
treinava. Saldanha comandava a Seleção Brasileira e já estava desgastado devido
ao temperamento igualmente explosivo. E entre o bombardeio de críticas
somava-se a de Yustrich, que o caçoou após derrota num amistoso por 2 a 0 para o Atlético Mineiro.
E não é que Saldanha, com revólver na cinta, invadiu a concentração do Mengo, em São Conrado , para
ajuste de contas! Sorte que o ‘homão’ não estava lá.
O pior, para Yustrich, estava reservado na
década de 70, quando era treinador do Cruzeiro. Peitudo, decidiu substituir
Brito durante uma partida e o irado zagueiro tricampeão mundial, ao se
aproximar do banco de reservas, atirou a camisa suada no rosto do treinador.
Claro que Brito saiu correndo! Seria suicídio
enfrentar aquele brutamente, mesmo envelhecido. O objetivo de humilhar o
‘homão’ estava consumado.
Apesar dos métodos rigorosos e polêmicos,
Yustrich sempre colocou as equipes que dirigiu nas primeiras posições em
diferentes competições. Por isso era requisitado por grandes clubes, sendo que
o Atlético-MG foi aquele em que mais se identificou e foi campeão regional em
1977.
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