segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Yustrich, o ‘homão’ encrenqueiro

 Os berros de técnicos de futebol que ecoam pelos gramados são ‘fichinhas’ se comparados aos estilos de disciplinadores como Flávio Costa, Osvaldo Brandão e Yustrich, já falecidos. Num jogo do Vasco contra o América-RJ em 1950, pelo Campeonato Carioca, o meia vascaíno Ipojucan se dirigiu a Flávio Costa, no intervalo, e pediu para sair, com alegação de que não passava bem. Diz a lenda que Flávio Costa, irritado com a derrota parcial por 1 a 0, esbofeteou o jogador e exigiu que continuasse em campo. Conclusão: o Vasco virou o placar para 2 a 1 e Ipocujan ‘deitou e rolou’.

 Dorival Knipel, o Yustrich, teve rico histórico como goleiro do Flamengo nas décadas de 30 e 40, quando conquistou os títulos em 1939 e 1942, o que lhe abriu portas como treinador nos principais clubes do Rio de Janeiro.

 Metido a valentão, Yustrich comprava brigas com jogadores, imprensa e até companheiros de profissão. Ganhou o apelido de ‘homão’ porque era alto e forte. Se inovou ao exigir mesa farta de frutas para boleiros após treinos e jogos, impunha contestável estilo militar no comando dos grupos e arrumava encrencas.

 Em 1971, por exemplo, quando era treinador do Flamengo, barrou o talentoso argentino Doval - já falecido - porque não admitia jogadores de cabelos compridos. Yustrich desconsiderou habilidade, velocidade, boa impulsão e gols daquele ponteiro-direito, um gringo loiro, olhos azuis e que fazia sucesso com a mulherada nas boates da zona sul do Rio de Janeiro. Acreditem: Doval voltou ao futebol argentino por empréstimo e Yustrich - que também tinha ojeriza por barbudos - ficou na Gávea.

 Dois anos antes, Yustrich só escapou da ira do técnico João Saldanha porque não estava na concentração do Flamengo, time que treinava. Saldanha comandava a Seleção Brasileira e já estava desgastado devido ao temperamento igualmente explosivo. E entre o bombardeio de críticas somava-se a de Yustrich, que o caçoou após derrota num amistoso por 2 a 0 para o Atlético Mineiro. E não é que Saldanha, com revólver na cinta, invadiu a concentração do Mengo, em São Conrado, para ajuste de contas! Sorte que o ‘homão’ não estava lá.

 O pior, para Yustrich, estava reservado na década de 70, quando era treinador do Cruzeiro. Peitudo, decidiu substituir Brito durante uma partida e o irado zagueiro tricampeão mundial, ao se aproximar do banco de reservas, atirou a camisa suada no rosto do treinador.

 Claro que Brito saiu correndo! Seria suicídio enfrentar aquele brutamente, mesmo envelhecido. O objetivo de humilhar o ‘homão’ estava consumado.

 Apesar dos métodos rigorosos e polêmicos, Yustrich sempre colocou as equipes que dirigiu nas primeiras posições em diferentes competições. Por isso era requisitado por grandes clubes, sendo que o Atlético-MG foi aquele em que mais se identificou e foi campeão regional em 1977.

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