Este nove de novembro marcou a contagem
regressiva de mil dias para o início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em
2016. E talvez seja de desconhecimento da maioria que os países da cortina de
ferro, que integram o leste europeu, ‘paparam’ quase todas as edições de 1952 a 1980 da competição.
O que representavam aqueles países da cortina
de ferro? A divisão de
Europa pós 2ª Guerra Mundial, com prevalecimento do regime político comunista,
em razão da decisiva influência da então União Soviética. Entre os principais
países daquele bloco destacavam-se Rússia, Alemanha Oriental, Polônia,
Tchecoslováquia, Iugoslávia, Hungria, Bulgária e Romênia.
E o que o futebol daqueles países diferenciava
do restante da Europa? O regime era
amadorista. O ganha pão do atleta era em atividade do trabalhador comum. Por
isso treinava-se leve durante a semana visando competições basicamente aos
domingos.
Entre aqueles atletas estava o
ponteiro-direito polonês Grzegorz Lato, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de
1972 em Munique, na Alemanha, após vitória por 2 a 1 sobre a Hungria, e medalha
de prata em 1976, com derrota na final para a Alemanha Oriental por 3 a 1.
Já em 1974, Lato foi o principal responsável
pelo terceiro lugar conquistado pelo seu selecionado na Copa do Mundo da
Alemanha, após vitória sobre o Brasil por 1 a 0, resultado que provocou crise na Seleção
Brasileira.
O lateral-esquerdo Marinho Chagas não conseguiu
segurar Lato nas repetidas jogadas de velocidade, e em uma delas saiu o gol da
Polônia, aos 41 minutos do segundo tempo. Aí, o inconformado então goleiro
Emerson Leão não se controlou e, já nos vestiários, agrediu o companheiro com
um soco.
Por mais três vezes, após aquele Mundial de
Futebol, a Polônia participou da competição e Lato esteve presente em 1982, na
Espanha, quando o seu país voltou a ficar em terceiro lugar. E as suas jogadas
em velocidade e gols em abundância o colocaram como segundo maior artilheiro de
todos os tempos de seu selecionado, com 45 gols, contabilizando-se também jogos
disputados pela seleção olímpica. Portanto, na artilharia Lato ficou atrás
apenas de Wladzimierz Lubanski, que marcou 48 gols.
Aos 30 anos de idade, em 1980, Lato recebeu
autorização para jogar fora de seu país, e a escolha recaiu sobre o KSC Lokeren
da Bélgica. Assim, a carreira foi encerrada três anos depois no Atlante do
México, mas a popularidade foi mantida entre os cidadãos poloneses. Por sinal, ele
ainda é considerado o maior jogador de todos os tempos daquele país.
O reflexo da idolatria do polonês pelo
atacante se estendeu às urnas, quando se elegeu senador para o quadriênio
2001-2005. Posteriormente, indignado com a corrupção desenfreada na Federação
Polonesa de Futebol, Lato topou disputar a eleição da entidade e a venceu em
2008.
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