segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Lato, velocidade e gols para a Polônia


 Este nove de novembro marcou a contagem regressiva de mil dias para o início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016. E talvez seja de desconhecimento da maioria que os países da cortina de ferro, que integram o leste europeu, ‘paparam’ quase todas as edições de 1952 a 1980 da competição.
 O que representavam aqueles países da cortina de ferro? A divisão de Europa pós 2ª Guerra Mundial, com prevalecimento do regime político comunista, em razão da decisiva influência da então União Soviética. Entre os principais países daquele bloco destacavam-se Rússia, Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Hungria, Bulgária e Romênia.
 E o que o futebol daqueles países diferenciava do restante da Europa? O regime era amadorista. O ganha pão do atleta era em atividade do trabalhador comum. Por isso treinava-se leve durante a semana visando competições basicamente aos domingos.
 Entre aqueles atletas estava o ponteiro-direito polonês Grzegorz Lato, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1972 em Munique, na Alemanha, após vitória por 2 a 1 sobre a Hungria, e medalha de prata em 1976, com derrota na final para a Alemanha Oriental por 3 a 1.
 Já em 1974, Lato foi o principal responsável pelo terceiro lugar conquistado pelo seu selecionado na Copa do Mundo da Alemanha, após vitória sobre o Brasil por 1 a 0, resultado que provocou crise na Seleção Brasileira.
 O lateral-esquerdo Marinho Chagas não conseguiu segurar Lato nas repetidas jogadas de velocidade, e em uma delas saiu o gol da Polônia, aos 41 minutos do segundo tempo. Aí, o inconformado então goleiro Emerson Leão não se controlou e, já nos vestiários, agrediu o companheiro com um soco.
 Por mais três vezes, após aquele Mundial de Futebol, a Polônia participou da competição e Lato esteve presente em 1982, na Espanha, quando o seu país voltou a ficar em terceiro lugar. E as suas jogadas em velocidade e gols em abundância o colocaram como segundo maior artilheiro de todos os tempos de seu selecionado, com 45 gols, contabilizando-se também jogos disputados pela seleção olímpica. Portanto, na artilharia Lato ficou atrás apenas de Wladzimierz Lubanski, que marcou 48 gols.
 Aos 30 anos de idade, em 1980, Lato recebeu autorização para jogar fora de seu país, e a escolha recaiu sobre o KSC Lokeren da Bélgica. Assim, a carreira foi encerrada três anos depois no Atlante do México, mas a popularidade foi mantida entre os cidadãos poloneses. Por sinal, ele ainda é considerado o maior jogador de todos os tempos daquele país.

 O reflexo da idolatria do polonês pelo atacante se estendeu às urnas, quando se elegeu senador para o quadriênio 2001-2005. Posteriormente, indignado com a corrupção desenfreada na Federação Polonesa de Futebol, Lato topou disputar a eleição da entidade e a venceu em 2008.

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