Nas últimas três décadas o Corinthians contou
com três atletas renomados com apelido de Gil, o mais recente este ‘titularíssimo’
quarto-zagueiro que forma dupla com Paulo André. Nos primeiros cinco anos do
século XXI o time corintiano contou com o franzino, veloz e hábil
ponteiro-esquerdo que infernizou adversários. Por fim, no ano de 1980, esteve
no Timão o mais famoso dos três Gils, que paradoxalmente teve passagem tão
efêmera quanto discreta no clube. Ele sequer se firmou como titular num período
em que Vaguinho
e Peter se revezaram na ponta-direita.
Mais famoso porque chegou ao Estádio do Parque
São Jorge precedido da fama de atacante que decidia partidas por clubes do Rio
de Janeiro. No bicampeonato carioca conquistado pelo Fluminense no biênio 1975-76, a jogada característica
do time era lançamento do meia Roberto Rivellino para explorar a velocidade de Búfalo
Gil, tão manjada quando decisiva.
O ponteiro Gil tinha caixa torácica avantajada
e isso permitia que disputasse jogadas corpo a corpo com adversários. Assim,
tanto era assistente de artilheiros como também fazia gols. Na passagem de pouco
mais de três anos pelo Fluminense, a partir de 1973, marcou 75 gols em 172
jogos. E o brilho foi mantido após se transferir para o Botafogo, onde ficou
até 1980, já exercendo as funções de ponta-de-lança ou centroavante.
Evidente que a Seleção Brasileira não podia
prescindir de um atacante com as virtudes de Búfalo Gil, e por isso ele começou
a ser convocado a partir de 1976. O ciclo com a ‘amarelinha’ foi encerrado dois
anos depois, na Copa do Mundo da Argentina, quando foi titular no empate por 1 a 1 com a Suécia, na partida
de estréia, com este time brasileiro: Leão; Toninho, Oscar, Amaral e Edinho;
Batista, Rivellino e Zico; Búfalo Gil, Reinando e Toninho Cerezzo.
Já com futebol decadente na década de 80,
Búfalo Gil ainda passou por Corinthians, Coritiba, São Cristóvão, Múrcia da
Espanha e Forense de Portugal, onde encerrou a carreira de atleta em 1986.
Incontinente ingressou na função de treinador com passagens por clubes do
exterior e no Botafogo do Rio em 1992, ocasião em que não engoliu seco a ironia
do então atacante Renato Gaúcho: “Olha aí o treinador que nunca jogou bola”,
provocou o hoje comandante do elenco do Grêmio, desconhecendo o histórico
vitorioso de Búfalo Gil.
Aí, prevaleceu
o dito de que quem fala aquilo que quer ouve o que não quer. Eis a imediata
resposta: “Como é que é? Joguei no Fluminense, Botafogo e disputei Copa do
Mundo. E joguei muito mais do que você”.
Búfalo Gil ou Gilberto Alves - nome de
registro - é mineiro de Nova Lima e completa 63 anos de idade na véspera do
Natal. Ele quer continuar a carreira de treinador, após últimas e discretas
passagens por Marília e Portuguesa Santista, entre 2008 e 2009. “O problema é
que nunca tive empresário”.