Márcio Rossini, um grosso na Seleção Brasileira
Trecho daquela reportagem citava que ‘nem
entre os mais fanáticos não faltam aqueles que estranharam a chamada de um
zagueiro grosso e violento, como Márcio, e de outro ‘presepeiro’ e mascarado,
como Toninho Carlos.
Rossini grosso? Não era o que falava na época
o treinador Chico Formiga - já falecido: “O Márcio me lembra o Belini. Só que
um pouco mais ágil. Ele tem a mesma garra, mesma impulsão e mesma personalidade
de líder”, exagerava.
Empolgado com a convocação ao selecionado,
Márcio Rossini deixou a humildade de lado e partiu para o auto-elogio: “Acho
que a Seleção precisava de alguém que jogasse sem medo de arrepiar quando
necessário. Sempre soube que seria o titular”, comentou o zagueiro, na época calejado
pelas passagens nas seleções das categorias de base no Sul-Americano no Uruguai
em 1978 e Pré-Olímpico no ano seguinte, na Colômbia.
E quem projetasse que Márcio Rossini
decepcionasse naquela excursão ao velho mundo se surpreendeu ao vê-lo marcando
até gol contra a Suécia no empate por 3 a 3. Em 1983 o jogador de 1,82m de altura
tinha 23 anos e pesava 78 quilos.
A melhor definição sobre as características do
mariliense Márcio Antonio Rossini era uma cópia melhorada do zagueiro Moisés,
do Bangu, que não hesitava em deixar marcas das traves das chuteiras em canelas
de adversários.
Na época era comum treinadores
irresponsavelmente recomendarem a zagueiros para que batessem da medalhinha pra
cima, ou então bordões do tipo ‘passa a bola, mas não passa o adversário’, e ‘é
bola ou bolim’.
Márcio Rossini nem precisava ouvir essas
asneiras ou se mirar em jogadores do estilo carniceiro como o também zagueiro
Pinheirense - ex-Botafogo (SP), Ferroviária e Náutico - , já falecido, que além
de bater zombava de atacantes adversários. “Não vem não. Vai jogar de
armandinho”, era o recado de Pinheirense a adversários.
A característica de zagueiro viril, que
chegava à jogada para não perder viagem, era nata de Rossini. Por vezes aplicava
pernadas típicas de cartões vermelhos.
Em 1986 Moisés já havia assumido o comando
técnico do Bangu e fez questão de pedir a contratação de um zagueiro que
lembrasse o seu estilo. Por isso, quando Márcio Rossini foi contratado e se
apresentou no Estádio Moça Bonita, o comandante e não se conteve: “É loiro,
alto, forte e mau”, exclamou. “Sou eu”.
Márcio Rossini ficou três anos no Bangu, com histórico
de 138 partidas, dois gols e quatro expulsões. A fama de beque malvado ficou
mais acentuada quando foi jogar no Flamengo.
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