segunda-feira, 14 de maio de 2012


Muricy, vencedor como técnico e jogador


 Se antes alertavam para não se esperar resultados imediatos do trabalho do treinador Muricy Ramalho, desde que assumiu o comando do Santos, ano passado, isso mudou. Ajustou de imediato compartimentos desalinhados - principalmente a marcação - e o reflexo foi a transformação daquela base em equipe vitoriosa.

 Desde os tempos de treinador de juniores do São Paulo, Muricy pautava o trabalho por metas a serem atingidas gradativamente. Foi um especialista em lançamentos de garotos, e os exemplos foram no expressinho do São Paulo, como o goleiro Rogério Ceni e o atacante Denílson.
 Muricy aprendeu com mestre Telê Santana que não se pode abrir mão da disciplina e que Deus ajuda quem madruga. Por isso tem uma disposição fantástica para o trabalho, principalmente no aspecto técnico. Assim, corrige defeitos e aprimora virtudes de jogadores.
 O reflexo do trabalho se traduz em títulos. Levantou caneco no Náutico (PE), conduziu o São Caetano à conquista do primeiro título do Paulistão, foi campeão gaúcho pelo Inter em 2005, e, de volta ao futebol paulista, foi tricampeão brasileiro pelo São Paulo. Também foi campeão nacional pelo Fluminense, e agora recebe aplausos no Santos.

 Claro que Muricy teve percalços na carreira de treinador, principalmente no interior paulista, nas passagens por Guarani e Botafogo de Ribeirão Preto, mas soube superá-los. Paciente esperou a chance para furar o seleto bloco de treinadores de grandes clubes.
 Dos quase 40 anos envolvidos no futebol, passou a maior parte no São Paulo. Primeiro como jogador - e dos bons - na década de 70. Foi um ponta-de-lança de habilidade e tinha o hábito de partir com bola dominada sobre adversários.

 Embora pegasse bem na bola nas finalizações, não foi fominha. Na maioria dos lances se destacou como assistente do atacante Serginho Chulapa, nas jogadas de gols de seu time.
 Coincidência ou não, Muricy participou de uma patota de boleiros com vocação para ser treinador de futebol, alguns com maior e outros com menor destaque. Jogou com o goleiro Waldir Peres, lateral-direito Nelsinho Baptista, meio-campistas José Carlos Serrão, Chicão (já falecido) e Pedro Rocha, e o atacante Serginho Chulapa.
 Naquele período era o típico jogador ranheta. Encrencava facilmente com treinadores, sem contudo ser punido. Também ‘batia boca’ constantemente com companheiros de equipe, todavia jamais foi considerado desleal, tanto que sempre foi admirado pelos amigos.
 Hoje, Muricy adota com sabedoria uma cartilha de como o jogador deve se comportar disciplinarmente. Exige profissionalismo e determinação de seus comandados. Não é um estrategista de variações táticas que modificam resultados de jogos, mas compensa com trabalho planificado nos dias que antecedem as competições.

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