segunda-feira, 25 de abril de 2011

Farah explorava o marketing

A queda de público em campeonatos regionais de futebol, principalmente nos estádios do Estado de São Paulo, favorece setores da mídia que questionam fórmulas de disputa dessas competições. Radicalismo daqueles que pregam a extinção dos estaduais à parte, o desinteresse durante a fase classificatória do Paulistão 2011 foi demonstrado através dos borderôs dos jogos. O maior público na primeira fase da competição foi de 26.138 pagantes no jogo entre São Paulo e Palmeiras, dia 27 de fevereiro, no Estádio do Morumbi. Até mesmo o Corinthians, tido como campeão de bilheteria, ficou atrás. Em suas partidas contra Palmeiras e Santos foram registradas vendas de 23.714 e 19.440 ingressos respectivamente, números que contrastam com épocas em que a competição era organizada com mais competência.

Forçosamente o torcedor paulista recorre à ‘era Farah’, ocasião de campeonatos mais criativos e charmosos. Eduardo José Farah, que completa 77 anos de idade neste primeiro de maio - presidiu a FPF (Federação Paulista de Futebol) entre 1988 a 2003 e indicou um sucessor que sequer é conhecido pela maioria dos freqüentadores de estádios, caso de Marcos Paulo Del Nero.

No décimo ano na presidência da FPF, Farah lançou um projeto que visava revolucionar o Campeonato Paulista: ‘era empresarial’, com o torcedor tratado como cliente. Para aumentar a visibilidade da competição, cogitou a hipótese de transformar o Araçatuba em clube de aluguel do Flamengo. E o mesmo se aplicaria em relação a Atlético Mineiro e Vitória da Bahia.

Claro que na prática a migração de clubes era inviável. E nem precisava disso. O impulso do marketing no futebol de São Paulo já era realidade com o contrato assinado com o Grupo VR (Vale Refeição), no valor de R$ 41 milhões. O dinheiro garantia cota de R$ 500 mil por jogo para os grandes clubes quando mandantes.

Evidente que havia a contra partida dos clubes. O acordo previa destinação de toda receita de bilheteria ao Grupo VR, que assumiria risco ou êxito no negócio, conforme citação do vice-presidente comercial do grupo da época, Cláudio Szajman: “Não somos patrocinadores, mas investidores”.

O ambicioso projeto previa a criação da Torcida Vip com assento demarcado nos estádios, facilidade para compra de ingressos, bilheterias móveis, sanitários terceirizados, sorteio de 50 automóveis para torcedores, caminhão do Paulistão repleto de prêmios, sorteio de um imóvel no valor de R$ 50 mil ao final do campeonato, introdução de dançarinas - as farazetes – em jogos transmitidos pela TV e cobranças de pênaltis envolvendo jogadores reservas nos intervalos das partidas.

Clubes do interior, enquanto mandantes, recebiam cota de R$ 100 mil por jogo. Além disso, a FPF repassou dez jogadores que chamassem a atenção da torcida àqueles clubes.

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