segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ramos Delgado, descanse em paz

O zagueiro argentino Ramos Delgado foi amicíssimo de Pelé nos tempos de Santos, entre 1967 e 1972. Nos últimos anos de vida, já radicado em seu país, foi diagnosticado como paciente do Mal de Alzheimer, uma doença degenerativa que implica em perda total da memória em pacientes terminais. Assim, meses antes da morte, no dia 3 de dezembro, José Manuel Ramos Delgado não identificaria Pelé se lhe mostrassem a foto do ‘rei’ do futebol.

Em estado terminal, o paciente de Alzheimer perde massa muscular e mobilidade, situação que contrasta com a compleição física vigorosa do período de jogador de Ramos Delgado, quando levava a campo a raça argentina. Se o Alzheimer em estágio avançado limita o enfermo a pronúncias de apenas algumas palavras, sem concatenar frases, no auge da carreira ele comandava a defesa aos berros, se necessário. Posicionava seu parceiro de zaga Joel Camargo e orientava os laterais Carlos Alberto Torres e Rildo. Logicamente se impunha pelo estilo clássico. Sabia antecipar, tomar a bola do adversário e sair jogando com categoria.

Há quem o compare ao antecessor Mauro Ramos de Oliveira, no Santos. Convém lembrar ainda que praticava um futebol com relativa semelhança ao zagueiro Ricardo Rocha, ex-Santa Cruz (PE), Guarani, São Paulo e Seleção Brasileira.

Ramos Delgado participou dos Mundiais de 1958 e 1962 pela Argentina, período em que os platinos se transferiam regularmente ao Brasil. O mesmo Santos, em busca de um goleiro para interceptar cruzamentos na marca de pênalti, contratou Agostín Mario Cejas.

A imigração de ‘boleiros’ argentinos começou a ganhar destaque nos anos 40 quando o Palmeiras foi buscar o zagueiro Luis Villa, de estilo clássico e incapaz de dar um pontapé no adversário. Em seguida o São Paulo trouxe o meia Sastre, que integrou um ataque formado por Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Pardal. O time também contava com o futebol elegante do então zagueiro Armando Renganesch, que posteriormente se transformou num treinador qualificado. Mesmo destino seguiu o goleiro José Poy, quando abandonou a carreira de jogador do São Paulo. O diferencial era a filosofia de técnico disciplinador.

Na década de 60, na ganância de tentar ganhar a Copa Libertadores da América, o Palmeiras foi buscar em Buenos Aires o ‘matador’ Luis Artime, um emérito cabeceador. No mesmo período passou quase que despercebido no Juventus - clube da capital paulista - o então jogador Cesar Luis Menotti, que posteriormente conquistou o título mundial como técnico da Seleção Argentina na Copa do Mundo de 1978. Na mesma época, o Cruzeiro se garantia na defesa com o futebol eficiente do zagueiro Perfumo, enquanto o Flamengo dependia dos gols do centroavante Doval, que morreu aos 46 anos de idade, em 1991, ao sofrer enfarte fulminante.

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