segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Maldito Alzheimer

Dezembro é mês de luz, fraternidade, reflexão e retrospectiva. E quem tem memória razoável logo vai lembrar que o maldito Alzheimer castigou e originou mortes de três ex-jogadores, ou melhor, três ex-zagueiros em 2010: Ramos Delgado, Waldemar Carabina e Francisco Sarno. O ano ainda foi marcado pelas mortes de mais dois ex-boleiros famosos: o polivalente Urubatão Calvo Nunes e o atacante Washington, ex-Guarani e Corinthians.

O Mal de Alzheimer varre a memória das pessoas. Na maioria das vezes o drama começa com a procura de um objeto mantido no lugar costumeiro. Remédio é apenas paliativo para retardar o agravamento da doença.

O argentino Ramos Delgado, que morreu no dia 3 de dezembro aos 75 anos de idade, deixou uma história de cinco anos na Vila Belmiro. Foi entre as décadas de 60 e 70, como absoluto da camisa três do Santos. Também fez parte daquela geração o vigoroso palmeirense Waldemar Carabina, que morreu na noite do dia 22 de agosto, aos 78 anos de idade. Carabina gabou-se de ter anulado Pelé em algumas partidas: "Poucos o marcaram tão bem quanto eu".

Da turma da bola, Sarno foi a primeira vítima do ano das complicações do Mal de Alzheimer. Morreu em 17 de janeiro na capital paulista, aos 86 anos de idade, com biografia de zagueiro clássico, treinador supersticioso e ousadia para escrever o livro “A Dança do Diabo”, que revela desmandos no futebol dentro e fora dos gramados. Como atleta passou por clubes como Botafogo (RJ), Vasco, Palmeiras e Santos. Como treinador comandou Corinthians, Coritiba, Atlético (PR), Guarani e Ponte Preta. No Guarani, em meados da década de 60, tinha o hábito de carregar uma toalha durante os jogos, e a usava para indicar o canto que o goleiro de seu time deveria arriscar em cobranças de pênaltis para o adversário, colocando-a na mão direita ou esquerda. E se o goleiro contrariasse sua instrução seria sacado do time.

Urubatão Calvo Nunes, natural do Rio de Janeiro, não foi um jogador de futebol acima da média nos tempos do grande Santos das décadas de 50 e 60, quer na zaga, quer no meio-de-campo. Também foi um treinador apenas razoável e morreu no dia 24 de setembro, aos 79 anos de idade, vencido por um tumor cerebral e outro no pulmão.

Quanto a Washington Luiz de Paula, morreu aos 57 anos de idade no dia 15 de fevereiro, em decorrência de complicação renal. No ápice da carreira integrou a seleção brasileira juvenil no Torneio de Cannes, na França, e disputou a Olimpíada de Munique, na Alemanha, em 1972. Naquele período sua gingada era fantástica. Balançava o tronco magrelo de um lado e saía com a bola no sentido oposto. Por isso alguns apressados o projetaram como sucessor de Pelé, apesar do meia preferir a assistência ao companheiro de ataque a finalizações, ignorando a importância de se pontuar entre os artilheiros.



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