terça-feira, 16 de novembro de 2010

Coritiba, o time ioiô

A definição gramatical do substantivo masculino ioiô é “brinquedo constituído de um carretel a que se enrola um cordel e se dá um movimento de rotação. Na linguagem popular essa palavra significa brinquedinho do sobe e desce. Trocadilho a parte, nos últimos anos o Coritiba FC tem sido um ioiô. Caiu à Série B do Campeonato Brasileiro em 2005. Voltou à Série A dois anos depois. Nova queda e traumática em 2009 e ‘ressurreição neste 2010.
O coritibano é um torcedor fiel. Na Série B em 2007, a média de público foi de 17.377. Ano seguinte, na elite, aumentou para 19.254. E reduziu só para 16.817 em 2009, apesar da fraca campanha que culminou com o rebaixamento após aquele empate em 1 a 1 com o Fluminense. Enfurecido, o apaixonado partiu para a selvageria. Invadiu o gramado do Estádio Couto Pereira e o alvo era jogadores do time e arbitragem. Policiais militares, no cumprimento do dever, foram protegê-los e acabaram atingidos com pedaços de madeira e pedras, um deles até desmaiando.
Aqueles baderneiros foram responsáveis pela severa punição imposta pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), com suspensão de 30 mandos de jogos do Campeonato Brasileiro e multa de R$ 610 mil. A pena foi abrandada após recurso, com redução da multa para R$ 100 mil e dez jogos fora, marcados para Joinville (SC), provocando prejuízo de R$ 12 milhões após perda de borderô, número de associados, placas publicitárias e gastos com viagens. Apesar disso, o time se manteve sempre entre os melhores e o sonho do acesso se concretizou com a volta dos jogos em casa a partir de 18 de setembro passado, quando 30.114 torcedores acompanharam a vitória sobre a Portuguesa por 2 a 0.
Renasce, portanto, o grande ‘Coxa’, que marcou história no futebol brasileiro com o título nacional de 1985, na disputa em casa com o Bangu (RJ). Se no tempo normal foi registrado um empate em 1 a 1, o time paranaense foi mais eficiente na definição através dos pênaltis, venceu por 6 a 5, e a partir daí ídolos como os atacantes Lela, Zé Roberto e o goleiro Rafael Cammarota integraram a galeria de outros inesquecíveis nomes como os dos meio-campistas Tostão nos anos 80 e Dirceu Krüger nas décadas de 60/70.
A rigor, em 1970, vítima de jogada violenta, ele quase morreu após ruptura das alças intestinais. Por sorte, voltou aos campos justamente num período dourado da equipe, que contou com o irreverente ponta-de-lança Zé Roberto, carrasco do Coritiba quando passou pelo rival Atlético-PR. Hoje, radicado em Serra Negra - estância mineral do interior paulista -, ele não mente quando esnoba para os garotos de sua escolinha de futebol que foi um invejável cabeceador. Integrou um dos melhores times do Coritiba na temporada de 1973.

Pode-se dizer que o goleiro Rafael, que chegou ao clube na década de 80, foi superior a Jairo. Rafa, na iminência de completar 57 anos de idade, não deu certo no Corinthians, onde desabrochou para o futebol, mas se identificou com o Coritiba nos sete anos em que lá esteve. Ele ainda é lembrado pelo arrojo, boa colocação e sobretudo pela regularidade.

O que falar do bauruense Reinaldo Felisbino, o Lela, que além de pai dos boleiros Richarlyson, do São Paulo, e Alecsandro, do Inter (RS), fez história no Coritiba, culminando com a faixa de campeão brasileiro em 1985? Ele jogou num time formado por Rafael; André, Gomes, Heraldo e Dida; Almir, Marildo e Tóbi; Lela, Índio e Edson. Lela é um baixinho de pernas curtas com histórico de atacante hábil, veloz e boa finalização.
Apesar da "ressaca" pela conquista do título brasileiro, os cartolas não se descuidaram de reforços. Foram buscar no futebol matogrossense o talentoso e goleador meia Tostão em 1986, cujo nome de batismo é Luís Antônio Fernandes, natural de Santos (SP).Tostão recebeu o apelido pelas características semelhantes ao consagrado Tostão, do Cruzeiro.

Nenhum comentário: