segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bahia, da fogueira à glória

Esse E.C. Bahia que hoje ressurge das cinzas, com retorno à elite do futebol nacional, já se queimou na fogueira do Campeonato Brasileiro da Série C durante o biênio 2006-2007. Ele também já fez tremer a Praça Castro Alves, de Salvador, com o histórico título do Brasileirão em fevereiro de 1989, ainda correspondente à edição de 1988. Nessa trajetória, a comemoração do acesso à Série B em 2007 perdeu impacto com a tragédia no Estádio Fonte Nova, na partida contra o Vila Nova (GO). É que um lance da precária estrutura da arquibancada do estádio ruiu e o desabamento provocou morte de sete pessoas.

O ápice do E.C. Bahia foi em 1989 com o título inédito. Ao som estridente de trios elétricos, milhares de fanáticos torcedores improvisaram o Carnaval mais prolongado de Salvador. Na final daquela competição contra o Inter (RS), os valentes baianos arrancaram empate sem gols em Porto Alegre, e ganharam de virada, por 2 a 1, em Salvador.

O comandante daquele grupo foi o experiente treinador Evaristo Macedo, um dos craques das décadas 50/60 no Flamengo e Real Madrid da Espanha. O principal líder e jogador decisivo do time baiano em 1989 foi o meia Bobô, justamente quem mais festejou a conquista "É nossa, é nossa", gritava enquanto exibia e beijava a taça. E quando questionado sobre a grande virtude de seu time, destacou a humildade. Evidentemente também realçou o talento de alguns, velocidade de outros e aplicação de todos.

A unidade daquele predestinado time do Bahia dispensava os tradicionais trabalhos extra campo de macumbeiros. Paradoxalmente, foram torcedores do Inter, na partida no Estádio Beira Rio, em Porto Alegre, que fizeram despachos com galinha preta, garrafa de pinga, farofa e outros ingredientes indispensáveis para o "servicinho". Tudo isso bem à frente da porta do vestiário do time visitante.

Claro que o folclórico torcedor "Loirinha", do Bahia, jamais dispensaria outro "servicinho", para que seu time não corresse risco na decisão em casa. Contudo, nem precisava evocar qualquer ajuda do além. O time baiano "voava" em campo e dava canseira em qualquer adversário com os meias Bobô e Zé Carlos, atacante Charles e volante Paulo Rodrigues.

Como tudo era festa no Estádio da Fonte Nova. Até o então prefeito de Salvador Fernando José Guimarães Rocha, ex-narrador esportivo, não resistiu à tentação e voltou ao microfone. Narrou os 15 minutos finais do primeiro tempo da decisão para a Rádio Sociedade da Bahia.

Quem supõe que o Bahia montou aquele time por acaso se engana. O planejamento começou em 1986 com a chegada da equipe nas oitavas-de-finais do Brasileirão. Depois a base foi reforçada.

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