terça-feira, 4 de maio de 2010

Tabaco e esporte são incompatíveis

A surpreendente confirmação de que o atacante corintiano Ronaldo “Fenômeno” é fumante reacende a discussão sobre tabagismo entre jogadores de futebol. O tema parecia sepultado por conta da consciência dos malefícios do fumo. Convém ressaltar que maio é o mês em que os tabagistas enfrentam maior pressão para se libertarem do vício, em decorrência do Dia Mundial de Combate ao Fumo, criado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), no dia 31. Só no Brasil morrem 200 mil pessoas a cada ano por causa do cigarro.
Ronaldo, como milhões de viciados no tabaco, ainda não se sensibilizou disso, apesar de contínuas campanhas de alerta. A partir de 1971, propagandas de cigarros em rádio e televisão advertiam que o fumo é prejudicial à saúde. Depois surgiram figuras de caveiras nos invólucros de cigarros, época em que o carioca e ex-meia Gerson Nunes de Oliveira, tricampeão mundial no México, gravou comercial da marca de cigarro Vila Rica com slogan que induzia o fumante a levar vantagem em tudo. O canhota, como é chamado pelos amigos, na época fumante inveterado, jamais previa que o slogan se transformaria na ‘Lei do Gerson’, atribuída aos espertões.
Naquele período, propaganda de cigarro era estrelada por galãs de cinema e passava a impressão de glamour. Anos depois foi proibida, e apertou-se o cerco contra fumantes com proibições em aviões, ônibus, restaurantes e locais de aglomerações de pessoas.
No passado, boleiro fumava até pouco antes de entrar em campo. O atacante Servilho – já falecido – um dos melhores cabeceadores que passaram pelo Palmeiras, assistia parte de jogo preliminar com cigarro entre os dedos, na década de 60. Os ex-meia Américo Murolo, também ex-palmeirense, fumava até em intervalos de partidas, no banheiro.
O fumante Sócrates não tinha a mesma condição orgânica que os companheiros, mas compensava com velocidade de raciocínio. Cerca ocasião, quando o Corinthians foi jogar em Americana (SP), contra o Rio Branco, ele apanhou um cigarro do bolso de um amigo, e só após três tragadas o atirou num canto do fosso que dá acesso aos vestiários do Estádio Décio Vitta.
Nos tempos dos boleiros fumantes convivia-se com os “serrões”. O são-paulino Benê, já falecido, era capaz de consumir, sem constrangimento, um maço de cigarro do colega. O ex-lateral-direito Deleu, seu companheiro de clube e avesso ao fumo, bronqueava quando alguém acendia cigarro perto dele. E nas caronas avisava: “Fedô de cigarro não entra no meu carro”.
Naquele período, treinadores como Oswaldo Brandão, Ênio Andrade e Élbua de Pádua Lima (Tim) davam mau exemplo ao provocarem fumaceira no banco de reservas.

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