segunda-feira, 10 de maio de 2010

Everaldo, tricampeão há 40 anos

Com a fartura de reminiscências sobre Copa do Mundo, às vésperas do maior evento de futebol do planeta programado para a África do Sul, o tricampeonato brasileiro no México, em 1970, será recontado muitas vezes.
Há 40 anos, entre os 22 campeões, estava o gaúcho Everaldo Marques da Silva, um lateral-esquerdo eficiente na marcação e só. Consciente das limitações para apoiar o ataque, preferia o passe curto aos companheiros.
Naquele período jogador de futebol era idolatrado por fãs mesmo quando parava de jogar. Alguns sabiamente exploravam a popularidade e enveredavam para cargos políticos, principalmente no Legislativo, mesmo sem aptidão. A certeza da votação maciça os encorajava a enfrentar as urnas, e são incontáveis os exemplos daqueles que foram eleitos com folga.
Mesma sorte não teve Everaldo. Em 1974, quando pendurou as chuteiras, tinha como certa uma cadeira na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, e se engajou na campanha política de tal forma que podia ser visto em até dois comícios no mesmo dia. E tudo ia bem até que perdeu a vida em acidente de automóvel, na BR-286, justamente quando voltava de um comício, por volta das 22h30 do dia 27 de setembro daquele ano. O automóvel Dodge Dart do jogador entrou sob uma jamanta e ficou quase irreconhecível. Na ocasião, também morreram a esposa Célia e a filha Denise Marques.
Revelado pelo Grêmio e com flagrantes limitações técnicas, Everaldo ganhou a posição de Marco Antonio - veloz e de características ofensivas - às vésperas da Copa do México. Já no Mundialito de 1972, no Brasil, o técnico Zagallo optou por não convocá-lo, para ira dos gaúchos. Afinal, o Rio Grande do Sul tinha histórico de furar o domínio do eixo Rio-São Paulo em convocações de jogadores para Copas. Em 1950, na competição disputada no Brasil, Nena, do Grêmio, e Adãozinho, do Internacional, foram vice-campeões mundiais. Na malfadada Seleção Brasileira de 1966, na Inglaterra, lá estava o atacante Alcindo Bugre, do Grêmio. E em Mundiais subseqüentes, o Estado quase sempre esteve representado. Em 1974, na Alemanha, foram o meio-campista Paulo César Carpeggiani e o ponteiro-direito Valdomiro, ambos do Inter. Em 1978, na Argentina, o volante Batista foi o representante do time colorado. Falcão – ex-Inter (RS) - jogou os Mundiais de 1982 e 1986. Ainda em 1986 foram o zagueiro Mauro Galvão e o meia Valdo, de Inter e Grêmio, respectivamente. Depois, o goleiro Taffarel, em 1990, na Itália; e o zagueiro Ângelo Polga, em 2002, no Japão e Coréia do Sul - jogadores de Inter e Grêmio, respectivamente. Em 2006 foram os ex-gremistas Ronaldinho Gaúcho e Emerson.
O deslize na carreira de Everaldo foi a besteira feita num jogo contra o Cruzeiro em 1972, no Estádio Olímpico, quando deu um soco no árbitro paulista José Faville Neto. Na época, a suspensão de um ano foi reduzida para seis meses.

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