segunda-feira, 17 de maio de 2010

Goleiros de Seleção

Tradicionalmente goleiros brasileiros disputam mais que uma Copa do Mundo. Nos últimos 60 anos observou-se uma cultura de que jogador da posição tem que adquirir experiência na primeira competição. Projeta-se que já amadurecido não vai sentir o peso da responsabilidade quando escalado.
Pode-se dizer que o primeiro estagiário nesse quesito foi Carlos Castilho - já falecido - convocado sucessivamente de 1950 a 1962 nas competições disputadas no Brasil, Suíça, Suécia e Chile. Paradoxalmente seu melhor desempenho sempre foi em clube - caso do Fluminense -, o que resultou na identificação como “leiteria”. Nas Copas de 1958 e 1962 foi reserva de Gilmar, goleiro que disputou ainda o Mundial de 1966 na Inglaterra.
A filosofia de “ganhar experiência” teve continuidade em 1970 com Emerson Leão, quando a Seleção Brasileira fez opção de relacionar três goleiros. O receio era a perda de titular e reserva imediato motivada por contusão ou cartões vermelho e amarelo. Naquela Copa do México foi implantada punição a jogadores com cartão amarelo, três deles, cumulativamente, resultando em suspensão automática.
Dessa inclusão do terceiro goleiro se aproveitou o então garoto Leão, do Palmeiras, para respirar clima de Seleção Brasileira. Quatro anos depois - mais ‘canchado’ e precedido de atuações regularíssimas - foi titular absoluto no gol brasileiro na Copa da Alemanha. Na ocasião, os comandados do técnico Zagallo foram surpreendidos pela máquina holandesa na semifinal, e também pela Polônia na disputa pelo terceiro lugar.
Leão continuou intocável na Seleção em 1978, na Copa da Argentina. Depois, já com Telê Santana como treinador, foi relegado na competição disputada na Espanha, para voltar ao ‘antigo ninho’ em 1986, outra vez no México. Assim, completou quatro Copas, uma a menos que Carbajal da seleção mexicana.
A bem sucedida experiência foi repetida com Valdir Peres, Carlos, Taffarel, Dida e Júlio César. Valdir foi terceira opção na Alemanha em 1974. ‘Esquentou’ banco em 1978. E foi titular em 1982.
Trajetória semelhante foi a de Carlos, desde 1978 entre os convocados. Chance real, mesmo, só em 1986 no México.
Taffarel foi partícipe da precoce eliminação brasileira na Copa do Mundo da Itália, em 1990, quando o grupo escolhido pelo técnico Sebastião Lazaroni deu vexame. A redenção desse gaúcho deu-se quatro anos depois nos Estados Unidos, quando o Brasil sagrou-se tetracampeão mundial ao bater a Itália nos pênaltis, na final. Por fim, na terceira experiência, foi eximido de culpa na goleada por 3 a 0 que a sua equipe sofreu para os franceses.
Quanto a Dida, se foi considerado ‘verde’ em 1998 na França, quando era reserva de Taffarel, só não foi titular em 2002 no Japão e Coréia do Sul devido à excelente fase do concorrente Marcos. Assim, teve de esperar a Copa de 2006, novamente sediada pela Alemanha.
Agora a história se repete com Júlio César. De estagiário em 2006, deu um salto extremamente qualitativo. É reconhecido como um dos melhores do planeta, na posição.

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