segunda-feira, 19 de abril de 2010

Decadência da Colômbia

Imagine um país com tradição no futebol fora da Copa do Mundo? É o caso da Colômbia que pela terceira vez consecutiva não foi inserida no principal evento da modalidade. A geração que sucedeu os meias Valderrama e Rincón, atacantes Asprilla e Aristzábal e goleiro René Higuita jamais empolgou e o reflexo é campanha pífia durante as eliminatórias às competições.

Hoje, o desportista colombiano vive literalmente do passado. O jeito é contar histórias de astro da grandeza de um Carlos Alberto Valderrama Palacio, nascido em setembro de 1961 e também conhecido pelo apelido de ‘El Pibe’. Até 2004, na iminência de completar 43 anos de idade, esse meia de vasta cabeleira loira dinamizava o setor de meio de campo das equipes que atuava, e enchia os olhos dos torcedores de seu país quando atuava com a camisa amarela. Assim, com justiça, é considerado o melhor jogador de todos os tempos da Colômbia, e isso rendeu-lhe regalias como o repasse de uma dívida de US$ 110 mil com o fisco francês para a Federação Colombiana de Futebol. Só dessa maneira liberaram o visto de entrada naquele país, para a disputa do Mundial de 1998, o último com participação da Colômbia.

Aristzábal foi um goleador nato. Os 348 gols marcados ao longo da carreira, encerrada em 2007, foram distribuídos em gramados colombianos, brasileiros e espanhóis. Se na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, ainda não havia assegurado a vaga de titular, depois foi praticamente intocável naquele selecionado. Por isso os são-paulinos se irritavam quando desfalcava o time para jogar pela Colômbia. Foi no São Paulo, indiscutivelmente, a melhor fase do atacante no futebol brasileiro. Houve quem comparasse seu estilo ao do Bebeto, tetracampeão brasileiro nos EUA, porque aliava velocidade e arremate com aceitável índice de aproveitamento. Pena que nas passagens por Santos, Cruzeiro e Coritiba o desempenho já não foi o mesmo.

Curiosamente o portal colombiano El Espectador revelou outra faceta de Aristzábal: antipatia. Segundo dados reproduzidos pelo portal R7, recente pesquisa apontou que 7.542 internautas votaram nele no concurso para se apontar o atleta colombiano mais odiado em seu país, totalizando 51% do universo dos votantes.

Daquele futebol colombiano que deixou saudade também se destacou o treinador Francisco Maturana, adepto do futebol ofensivo e vistoso. Ao desprezar jogadas de linha de fundo, priorizava a aproximação dos jogadores pelo meio. Exigia toques rápidos e finalizações de média distância. Assim, se na seleção seu histórico aponta apenas o título da Copa América de 2001, comandando clubes foi um vencedor. A principal conquista foi a da Libertadores da América de 1989, quando dirigia o Nacional de Medellín, na primeira comemoração dos colombianos na competição.

Por duas vezes a Colômbia - país de 43,5 milhões de habitantes - tinha indicação para sedia uma Copa do Mundo, mas problemas de infraestrutura, econômicos, guerra civil, violência cotidiana e narcotráfico implicaram na desistência em 1986 e 2014.

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