segunda-feira, 22 de março de 2010

Tarciso, de boleiro a político

Parcela considerável dos jogadores de futebol tem vocabulário bem restrito. Ultimamente, observa-se abuso do verbo focar quando se quer expressar concentração total em determinada partida. “Nosso time tem que estar focado”. Eis aí uma frase decorada e repetida diuturnamente. Outra expressão odiada é “vamos erguer a cabeça e partir para a próxima”, quando se quer criar expectativa de reabilitação após derrota.
Como toda regra tem exceção, constata-se uma minoria de boleiros com vocabulário bem diversificado. Geralmente são aqueles que freqüentam bancos escolares de universidades, quem adquire hábito de leitura com bom conteúdo e, obviamente, os politizados, como é o caso do ex-atacante Tarciso do Grêmio, brizolista de carteirinha, que cumpre o primeiro mandato de vereador em Porto Alegre (RS).
Leitor da revista Veja e preparado para discussões dos principais problemas que afligem as comunidades, ele mostra facilidade de expressão, principalmente quando discursa sobre sua bandeira de campanha: projetos de inclusão social de crianças através do esporte. “Educação e esporte são caminhos para o desenvolvimento social”, costuma dizer, em conformidade com as idéias de Leonel Brizola, já falecido, cacique maior do PDT.
Sua Excelência José Tarciso de Souza foi eleito à Câmara de Vereadores de Porto Alegre em 2008, pelo PDT, com 6.232 votos. Constatou-se o resultado da perseverança para ingresso na carreira política, após postular, em vão, a cadeira no legislativo porto-alegrense em 2004. O peso do prestígio pelos 13 anos e 815 partidas pelo Grêmio foi decisivo.
No período de 1973 a 1986, jogando no tricolor gaúcho, Tarciso foi campeão da Libertadores da América em 1983, na final contra o Peñarol do Uruguai, no Estádio Olímpico, quando mais de 80 mil pessoas assistiram a vitória gremista por 2 a 1. Sagrou-se campeão mundial de clubes ainda naquele ano, no Japão, na vitória por 2 a 1 sobre o temível Hamburgo da Alemanha. Após empate em 1 a 1 no tempo normal, a vitória veio na prorrogação. Os gols foram marcados por Renato Gaúcho, num time comandado por Valdir Espinosa e formado por Mazaropi; Paulo Roberto, Baidek, Hugo de Leon e Paulo César Magalhães; China, Osvaldo (Bonamigo) e Mário Sérgio; Renato Gaúcho, Tarciso e Paulo César Caju (Caio).
As convincentes atuações levaram Tarciso à Seleção Brasileira, com histórico de oito partidas. Devido à velocidade ganhou o apelido de Flexa Negra, foi deslocado do comando do ataque à ponta-direita, e teve o nome na calçada da fama no Estádio Olímpico. Mineiro de São Geraldo, nascido no dia 15 de setembro de 1951, 1,77m de altura e 79 quilos, iniciou o repasse de clubes a partir de 1986: Goiás, Goiânia, Cerro Portenho do Paraguai e São José (RS) em 1990, onde encerrou a carreira de jogador iniciada no América (RJ). Tentou ser treinador no Cerro paraguaio, porém sem sucesso. Aí, transformou-se em instrutor de escolinha de futebol, com o diferencial que prestou serviço voluntário para crianças desassistidas.

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