domingo, 14 de fevereiro de 2010

Fevereiro, mês perigoso

Quando você ouve ou lê que Orlando Peçanha de Carvalho foi um eficiente quarto-zagueiro no primeiro título mundial conquistado pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, os comentários condizem com a realidade. Convenhamos, também, que Orlando sequer merecia convocação ao selecionado para o Mundial de 1966, na Inglaterra. Pois foi relacionado e só participou da terceira partida, na derrota para Portugal por 3 a 1, ocasião em que o técnico Vicente Feola mudou radicalmente a defesa, escalando Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo. No jogo anterior, também uma derrota por 3 a 1 para a Hungria, a defesa foi composta por Gilmar, Djalma Santos, Belini, Altair e Paulo Henrique.
Neste 10 de fevereiro, um ataque cardíaco matou Orlando Peçanha de 74 anos de idade, que morava no Rio de Janeiro. A rigor, esse mês do calendário é tido como perigoso para atletas renomados com passagens pela Seleção Brasileira. Igualmente morreram durante o mês de fevereiro, vítimas de insuficiência cardíaca, o volante José Carlos Bauer e os meias Zizinho e Jorge Pinto Mendonça, respectivamente com 81, 80 e 51 anos de idade.
Bauer, apontado como o melhor volante de todos os tempos do São Paulo, foi sepultado em 2007, no dia 4. Zizinho morreu em 2002, numa sexta-feira de Carnaval, dia 8, abrutamente. Conversava com a filha Nádia, de madrugada, quando passou mal e não resistiu. Ele tinha um coração de anjo, mas era esquentado em campo. Aos zagueiros botinudos mandava um recado curto e grosso: "Bateu em mim, tem troco". Vingativo, tanto podia dar resposta em dez minutos, uma semana, ou até um ano. Era paciencioso, e esperava o momento certo do ajuste de contas. Antes do reinado de Pelé, pode-se dizer que Zizinho era o bambambã do futebol. Arrancava aplausos pelos dribles curtos, chutes certeiros e passes impecáveis. Foi rotulado de melhor jogador da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950, apesar da derrota por 2 a 1 para os uruguaios, na final, no Maracanã.
Mendonça, injustiçado duplamente, morreu em 2006, no dia 17. Foi relegado da Copa do Mundo de 1982 quando atravessava o melhor momento da carreira, e ainda ficou com a pecha de jogador indisciplinado, sem que fosse. A fama se arrastou por causa de rugas mal explicadas quando trabalhou com o técnico Telê Santana, no Palmeiras.
Quanto a Orlando, formou dupla de zaga com Belini, no Vasco, onde ficou cinco anos a partir de 1955. Lá conquistou o título do Estadual do Rio em 1956, e foi super campeão carioca em 1958. Foi um zagueiro clássico, de força física, aplicado na marcação e com boa capacidade de antecipação. Essas virtudes cativaram cartolas do Boca Junior, e assim jogou quatro anos no clube argentino, conquistando títulos em 1962 e 64. O preço da transferência ao exterior foi o impedimento de convocação à Seleção Brasileira ao Mundial de 1962, no Chile.
Em 1966, como atuava no Santos, foi lembrado novamente por Vicente Feola para defender o Brasil na Inglaterra, e não escapou de culpa pelo fracasso. No Peixe conquistou títulos paulistas em 1965 e 67 e da Taça Brasil de 1965. O encerramento da carreira deu-se no Vasco em 1970, aos 35 anos de idade.
Sete anos depois, tentou iniciar a carreira de treinador no CSA de Alagoas, e ainda passou pelo Vitória (BA) em 1980, sem que prosperasse na função. Na ocasião, defendeu interesses da categoria como presidente da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol.

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