Boleiros do segmento Atletas de Cristo passam por provações durante partidas. Pacientemente engolem seco provocações de adversários do tipo “você está pecando”, quando entram duro nas jogadas. Não bastasse isso, a Fifa os proibiu de usarem mensagens alusivas ao cristianismo em camisetas abaixo das camisas tradicionais em dias de jogos, há dois anos.
O ex-lateral-direito Jorginho, hoje auxiliar técnico do comandante Dunga na Seleção Brasileira, sempre perdoou os sarcásticos boleiros, mas ficou contrariado com tais proibições: “A Fifa pode tirar o nome de Jesus das camisetas, mas não do coração do atleta”. E uma das maneiras que adotava para propagar a palavra de Deus a companheiro do time adversário era presenteá-lo com uma Bíblia.
A conversão de Jorginho deu-se durante um culto, quando testemunhou a cura de um irmão alcoólatra. E o exemplo de lealdade em campo resultou no reconhecimento da Fifa com a premiação do troféu ‘fair-play’ em 1991, quando jogava no Bayer Leverkusen de Alemanha. Lá ficou de 1989 a 1992, e foi deslocado para o meio-de-campo. Posteriormente transferiu-se para o Bayem de Munique, onde ficou durante dois anos.
Naquele período criou a comunidade Evangélica Brasileira de Munique e cedia o porão de sua casa para a realização de cultos. Também estava no auge da carreira e foi recompensado com o tetracampeonato mundial da Seleção Brasileira, na Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994. A frustração foi ter se machucado na final contra a Itália, na vitória através das cobranças de pênaltis, quando cedeu o lugar para Cafu. Familiarizou-se com a Seleção ainda nos juniores, onde foi campeão Pan-Americano e Mundial. No selecionado principal, a partir de 1987, disputou duas Copas e foi titular absoluto até 1995.
Jorgino dificilmente errava passes. Entrava em diagonal e preferia o passe ao cruzamento. Também sabia defender e até fazia cobertura de zagueiros. A rigor, com 13 anos de idade, no treino peneira do América (RJ), disse que jogava na zaga, mas acabou deslocado à lateral-direita. Ali começava uma carreira com passagens por Flamengo, futebol alemão, Kashima Antlers do Japão, São Paulo, Vasco e Fluminense, onde encerrou a carreira em 2002.
Em 2005 iniciou a função de técnico, no América (RJ), e provocou polêmica ao sugerir mudança do mascote do clube, um diabinho, por uma águia. No ano seguinte, a convite de Dunga, passou a integrar a comissão técnica da Seleção Brasileira.
Jorge de Amorim Campos, carioca nascido no dia 17 de agosto de 1964, é diferenciado. Destina parte de seu salário e prêmios a instituições de caridade e estimula atletas ao mesmo procedimento. Em 1992 criou o Instituto “Bola pra Frente”, em Niterói, focado no esporte, educação e na qualificação profissional para garotos. Também foge da mesmice nas declarações. Em julho passado, defendeu aumento do número de substituições de jogadores nos jogos, com a justificativa de se evitar desgaste e melhorar o rendimento do atleta.
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