segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Muricy, frutos do trabalho

Por Élcio Paiola (interino)

Como o titular da coluna, Ariovaldo Izac, está afastado desde o final de outubro por licença médica, eu, jornalista Élcio Paiola, colaborando interinamente, desejo aos nossos amigos um feliz Natal e próspero ano novo. A coluna entra em recesso e só volta no começo de janeiro.
Pois bem, aproveito a ocasião para homenagear Muricy Ramalho, um técnico vencedor, reeditando uma coluna escrita em abril de 2005 pelo Ariovaldo antes da transferência do técnico para o São Paulo, com abordagem sobre planificação de trabalho no Internacional (RS) e a recompensa com a conquista do tetracampeonato gaúcho.
Como se vê, Muricy tem conceitos bem definidos sobre a função de treinador. Não esperem dele resultados imediatos. Aprendeu, desde os tempos de treinador de juniores do São Paulo, que o trabalho tem de ser planificado e que as metas devem ser atingidas gradativamente. É um especialista em lançamento de garotos e os exemplos estão aí, aos montes, quando trabalhou nas categorias de base e no expressinho do Tricolor, como o goleiro Rogério Ceni e o atacante Denílson. Muricy aprendeu com mestre Telê Santana que não se pode abrir mão da disciplina e que Deus ajuda quem madruga. Por isso, tem uma disposição fantástica para o trabalho, principalmente no aspecto técnico. Assim, consegue corrigir defeitos e aprimorar virtudes de jogadores.
O reflexo do trabalho se traduz em títulos. Levantou caneco no Náutico (PE), conduziu o São Caetano à conquista do primeiro título do Paulistão, e, agora, de certo, ainda saboreia uma suculenta picanha com cerveja pelo título gaúcho de 2005. Claro que teve percalços na carreira de treinador, principalmente no interior paulista, nas passagens por Guarani e Botafogo de Ribeirão Preto, mas soube superá-los. Dos mais de 30 anos envolvido no futebol, passou a maior parte no São Paulo. Primeiro como jogador - e dos bons - na década de 70. Foi um ponta-de-lança de habilidade e tinha o hábito de partir com bola dominada sobre adversários. Embora pegasse bem na bola, para finalizações, não era fominha. Na maioria dos lances era destacado como assistente do atacante Serginho Chulapa, nas jogadas de gols de seu time. Coincidência ou não, Muricy participou de uma patota de boleiros com vocação para ser treinador de futebol, alguns com maior e outros com menor destaque. Jogou com o goleiro Waldir Peres, lateral-direito Nelsinho Baptista, zagueiro Arlindo, meio-campistas José Carlos Serrão, Chicão e Pedro Rocha, e o atacante Serginho Chulapa. Nesse período, era o típico jogador ranheta. Encrencava facilmente com treinadores, sem contudo ser punido. Também ‘batia boca’ constantemente com companheiros de equipe, todavia jamais foi considerado desleal, tanto que sempre foi admirado pelos amigos. Hoje, Muricy adota com sabedoria uma cartilha de como o jogador deve se comportar disciplinarmente. Exige profissionalismo e determinação de seus comandados. Não é um estrategista de variações táticas que modificam resultados de jogos, mas compensa com trabalho planificado nos dias que antecedem as competições. Paciente, Muricy esperou a chance para furar o seleto bloco de treinadores, e, de certo, vai esperar o momento adequado para assumir o desafio em um grande clube no eixo Rio-São Paulo. Pretendentes não faltam.
Pois bem, o resto da história foi contada com o tricampeonato brasileiro pelo São Paulo.

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