segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Geninho, 43 anos na bola

Por Élcio Paiola

Um dirigente de um tradicional clube brasileiro, “bombardeado” de perguntas sobre nome e perfil do treinador pretendido, subestimou a capacidade de avaliação de jornalistas e lascou: “Estamos trazendo o Eugênio Machado Souto para o comando técnico. Ele é um profissional que vocês não conhecem, mas tem tudo para ser bem sucedido aqui”.
Você, caro leitor, vai continuar curioso em relação ao nome do dirigente e seu respectivo clube. Por questões óbvias a fonte, neste caso, deve ser preservada. O fato ocorreu na década de 90 e a ficha da “reportaiada” só caiu minutos depois, quando um outro dirigente daquele clube entrou na sala de imprensa acompanhado do técnico Geninho, cujo nome de registro é Eugênio Machado Souto, nascido no dia 15 de maio de 1948.
Pois é, Geninho entrou no time dos “sessentões” sem aparentar a idade. São 43 anos ligados diretamente ao futebol.
Natural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, sua história no futebol começou como goleiro das categorias de base do Botafogo local, aos 17 anos de idade, quando ganhou oportunidade na equipe principal e se firmou. Ele integrou aquela escola de goleiros que raramente tomava “frangos”. Pegava, basicamente, as chamadas bolas defensáveis, e uma das boas bases foi na Francana (SP), em 1979, quando disputou o Campeonato Brasileiro da época, inchado com 94 clubes.
Ainda “rodou” por equipes do interior paulista e do Rio Grande do Sul, casos de Caxias e Novo Hamburgo, onde encerrou a carreira de jogador em 1984, migrando, incontinenti, à função de treinador, já sem o vasto bigode.
A dádiva da oratória faz de Geninho um dos técnicos preferidos dos repórteres para entrevistas. Mesmo em derrotas acachapantes não perde a compostura, e jamais responde as perguntas monossilabicamente. A rigor, costuma dar subsídios para comentaristas de futebol que mal conseguem observar o óbvio, ao alongar nas avaliações pós jogo.
Evidente que exagera quem o rotula de estrategista. É justo, no entanto, que se reconheça sua virtude em focar o grupo no objetivo de brigar por boa pontuação nos campeonatos que disputa, tanto que surpreendentemente chegou ao título do Campeonato Brasileiro de 2001, comandando o Atlético (PR).
Habilmente Geninho faz seu marketing no site que criou (www.geninho.net), onde relata títulos estaduais como treinador do Goiás e Corinthians, além do Brasileiro da Série B com o Paraná Clube e na passagem pelo Al Shabab Club, da Arábia Saudita. O estilo bonachão é bem recebido pela boleirada. Por vezes, um ou outro jogador confunde a metodologia e relaxa no trabalho.
Lógico que seria um contra-senso Geninho lembrar, em seu canal de comunicação, tropeços doídos como a goleada por 8 a 2 para o Corinthians, quando comandava o Guarani em 1997, no Campeonato Paulista.
De certo, Geninho também teve insônia quando caiu para a segunda divisão do Campeonato Paulista com a Ponte Preta e União São João de Araras, em 1995 e 1999, respectivamente. Na Ponte, naquela ocasião, comandou um time de medalhões como o lateral-direito Zelão e os meio-campistas Macalé e Careca, que vieram do Cruzeiro; além do atacante Gaúcho, que havia passado por Flamengo e Palmeiras.
Geninho aprendeu com a desgraça, deu a volta por cima e comandou grandes clubes do eixo Rio-São Paulo-Minas. E, em 2009, continua no Atlético (PR).

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