segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Muller e os seus desafios

Por Élcio Paiola (interino)

Em 2004, após o encerramento da carreira como jogador de futebol e um rápido estágio como treinador de futebol no Ipatinga (MG), o atacante Muller tinha duas opções: continuar na bola em funções paralelas ou exercer a vocação de pregar a palavra de Deus, com total respaldo do pastor Alexandre Ribeiro, que comandava a igreja Porta Aberta em Minas Gerais. "Como ele (Muller) é ungido pelo Espírito Santo, consegue transmitir a palavra do Senhor com sabedoria e veemência”, revelou Ribeiro, na ocasião, apostando no bom discípulo.
Muller dizia que pregava fervorosamente o evangelho do “Deus vivo” na igreja pentecostal Porta Aberta, de Belo Horizonte, e dava vida aos cultos com repeteco de bordões como “aleluia, glória Deus”. Ele nasceu num berço cristão em 31 de janeiro de 1966, em Campo Grande (MS), registrado como Luís Antônio Correia da Costa, mas definiu pela bola como atividade principal. Foi um comentarista diferenciado em jogos transmitidos pela TV Bandeirantes, e continuou polêmico quando mudou para o canal Sportv.
Afeito a desafios, topou mais um neste início de dezembro: desempenhar as funções de supervisor do Santo André, clube com passagem efêmera no final da carreira como jogador.
Muller chegou ao “Ramalhão” falando em disputar títulos, uma rotina nos seus tempos de atleta. Aos 16 anos de idade já jogava no Comercial de Campo Grande (MS), e dois anos depois era lapidado no São Paulo pelo técnico Otacílio Pires de Camargo, o Cilinho, que o lançou no time principal para atuar ao lado de Careca, Pita, Silas e Sidney Trancinha, entre outros.
Aquele time foi campeão paulista em 1985 e Muller se deslumbrou com fama, dinheiro e mulheres. Abandonou o grupo de orações dos “Atletas de Cristo” e colocou um brinco na orelha. Naquele período foi considerado o sex simbol do futebol.
Em 1987, casou-se com a ex-chacrete Jussara Mendes. Depois, trocou o São Paulo pelo Torino, da Itália, e lá ficou durante três anos. Na volta ao Tricolor, estava esmerilhando. Construía e completava bem as jogadas. Teve participação preponderante nos anos dourados do São Paulo na década de 90, período da conquista do bicampeonato da Libertadores da América e igualmente do Mundial Interclubes. Lembra que o gol mais bonito de sua carreira foi marcado na final da Libertadores de 1993, na goleada por 5 a 1 sobre o Universidad Católica do Chile.
Curioso é que em 1993 a lucidez em campo contrastava com instabilidade fora dele. Embora estivesse separado de Jussara havia três anos, o repentino casamento com evangélica Miriam Rodrigues, de 17 anos, causou estranheza pela diferença de idades entre ambos. Conclusão: o matrimônio durou dois meses.
Por sorte, Jussara o aceitou de volta e o ajudou a se firmar como cristão. Aí, deu seqüência a fase esplendorosa, com rodízio de clubes: Palmeiras, Santos e Cruzeiro, pela ordem. No Corinthians a estrela que já não luziu e no Santo André apagou.
Com a curta passagem pela Portuguesa, no segundo semestre de 2003, entrou para a história do futebol como foi o único jogador a vestir camisas dos quatro principais clubes da capital paulista e o Santos. O ex-meia Neto e o atacante Cláudio Cristhovam Pinho seguiram a mesma trajetória, sem contudo jogarem na Lusa.
Muller participou de três Copas: 1986, 90 e 94.

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