sábado, 29 de novembro de 2008

Éder, o canhão

Por Élcio Paiola (interino)


Quando o ex-ponteiro-esquerdo Éder Aleixo Assis observa fãs com descontrolável assédio ao meia Kaká, do São Paulo, de certo comenta com amigos que “esse filme” não só assistiu como foi protagonista. Nos tempos de boleiro, Éder era boa pinta, vestia-se elegantemente e às vezes tinha que se desvencilhar dos agarrões da mulherada.
Éder tem pouco mais de 1,80m de altura e no auge da forma, na década de 80, dirigia carros importados e tinha hábito de não acompanhar ônibus de delegações de clubes pós-jogo. Naquelas ocasiões, alguns amigos estavam sempre a esperá-lo em portas de estádios, conduzindo o carro chic.
No campo, Éder era unanimidade. Arrancava aplausos por causa do chute forte, com efeito, e geralmente mortífero. Narradores de futebol não se cansavam de gritar gols que ele marcava do “meio da rua”, uma metáfora criada há décadas para caracterizar o chute de longa distância ao gol adversário, e que ainda resiste.
Éder atravessou o melhor período da carreira em 1982, levado pelo técnico Telê Santana aquele memorável selecionado brasileiro que tinha “cara” de campeão, na Copa do Mundo da Espanha, mas foi atropelado pelos gols do atacante Paolo Rossi e sua Itália.
Naquele Mundial, Éder marcou um golaço na vitória por 2 a 1 sobre a extinta União Soviética e na goleada por 4 a 1 diante da Escócia. Ele fez parte daquela “patota” que tinha Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luizinho e Júnior; Falcão, Sócrates, Zico e Toninho Cerezo; Serginho e Éder.
É um equívoco citar Éder como um ponta veloz. Também exagera quem o rotula de ex-jogador fora de série. A principal virtude era bater na bola, mas também sabia dominá-la. Conseguia escapar de marcadores e arrancava aplausos como lançador. Assim, com bola estilada de 40 metros, colocava companheiros na “cara” do gol.
Éder não era ponteiro de fazer jogadas de fundo de campo e nem precisava. Quando chegava ao lado da grande área, pelo lado esquerdo, o passe era invariavelmente com precisão. Foi assim no Grêmio (RS), Atlético (MG), Palmeiras e Inter (SP), porque as passagens por Santos, Sport Recife, Botafogo (RJ), Cerro Porteño (Paraguai), Fenerbach (Turquia), União de Araras (SP), Monte Claro (MG), Atlético (PR) e Cruzeiro foram discretas.
Éder está radicado em Belo Horizonte e se transformou num empresário de posto de combustível. Sonha romper o seleto grupo de treinadores e espera transmitir à boleirada o muito que aprendeu ao longo da carreira. Como bom discípulo, absorve os segredos para se transformar num respeitável comandante de grupo. E sabe que para ser bem sucedido na carreira de treinador não basta só conhecer o “riscado”. Mais importante é saber como executá-lo.

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